quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

A DEMOCRACIA E O PODER

Também poderia ser o poder da democracia.
Quando um político, e isso se refere à grande maioria dos políticos, assume o cargo para o qual foi eleito pelo povo em uma democracia de fato, o seu papel tem de ser de representar os interesse de seus eleitores, ou seja, do povo. Isso é o que prega a cartilha de um estado democrático como é o caso do Brasil.
No entanto, quanto este mesmo político assume o seu lugar de direito assume uma postura de intocável, de onipotente, se julga acima do bem e do mal, da lei, da ética, da moral e, principalmente, esquece que foi o povo que o colocou no “trono”. Começa a caça àqueles que não estiveram do seu lado, que não votaram nele e então a caçada se torna cega e injusta.
Na democracia o direito ao voto é livre. Cada pessoa vota em quem achar melhor, não importa se está visando o próprio interesse ou se pensa na comunidade, é direito seu eleger quem bem entender, valendo votar, ou deixar de votas, até por protesto, como aconteceu na cidade do Rio de Janeiro na década de 1970 em que o macaco Tião do zoológico local recebeu mais voto que o prefeito empossado. Quem não se lembra do famoso Enéas que foi eleito com mais de um milhão e meio de votos para deputado federal? Não votar em determinado candidato não significa ser inimigo deste. Cada um tem o seu direito de voto dentro da democracia. Nada mais óbvio se um funcionário da prefeitura, do estado ou federal apoiar quem já está no poder na esperança de manter o emprego. Mas isso só acontece por medo de uma troca acontecer desencadear a “caça às bruxas”, o que normalmente acontece porque nossos políticos não aceitam oposição. “Se não está do nosso lado, então é inimigo!”; “Nada de protesto contra o governo, se fizer prendo e arrebento mesmo!”, “Brasil, ame-o ou deixe-o!”. Estas são frases muito ouvidas durante a ditadura militar. Lutamos por uma liberdade de expressão, de ação, de ter mais partidos e de votar em quem quiser. Agora isso é proibido pelo medo, a chamada autocensura, a pior de todas, impostas por políticos que não entendem que só estão no poder porque a democracia permitiu que se candidatasse e que expusesse seus planos, que falasse na hora e onde quisesse. É o direito pregado pela democracia.
Em Cambuquira o poder da democracia se fez valer pela voz de um grupo de ex-funcionários da área de saúde. Recorreram ao legislativo que questionaram o executivo e tudo foi normalizado dentro da lei. Se vão reassumir o cargo é outra coisa, mas se valeram do direito de questionar o “Golias”, e venceram. No entanto isso não significa derrota do “Golias”, pelo contrário, mostra que é justo e busca o que é certo. É perdoável as primeiras atitudes de quem não conhece o poder do poder. “Quer conhecer o caráter de uma pessoa, dê-lhe poder!” Essa frase é de autor desconhecido para mim, mas eu coloco uma outra: reconhecer que errou e procurar corrigir este erro é sinal de hombridade e humildade, o que falta nos atuais políticos. Não é vergonha voltar atrás, vergonha é não querer voltar atrás.
O exemplo de Cambuquira só reforça um conceito filosófico de Marilena Chauí que deveria ser usado por todos os habitantes do planeta: “sempre devemos tomar a decisão de não aceitar como óbvias e evidentes as coisas, as idéias, os fatos, as situações, os valores, os comportamentos de nossa existência cotidiana; jamais aceitá-los sem antes havê-los investigado e compreendido”. Se assim não for, não vivemos em uma democracia de direito.
Parabéns aos legislativo e executivo cambuquirense pela hombridade de corrigirem uma injustiça.

Um comentário:

Helena Ferreira disse...

Muito bom ler textos assim, tão bem escritos e informativos... continue escrevendo!! Abraços!!

 
Visitantes adquiriram informação e conhecimento!