quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

EVOLUCIONISMO SOCIAL (Parte 1)

O termo evolução pode ser entendido como “toda mudança com diferenciação quantitativa, ou qualitativa”. Por mais que a expressão dê uma conotação de melhoria, deve-se compreendê-la sob duas vertentes: como progresso, que é uma evolução para melhor, e como regresso, uma alteração que não logrou êxito. O fato de acharmos que progredimos pelo momento que vivemos em comparação com o tempo de nossos pais, leva-nos a não enxergar a realidade que nos cerca e que está conduzindo a humanidade para uma aniquilação interna.
Faz-se necessária uma breve diferenciação entre a doutrina evolucionista e a teoria biológica da evolução. Esta última tendo como disseminador supremo Charles Darwin, acreditava nas transformações das espécies vivas, chocando-se com a teoria da imutabilidade dos seres. Na luta pela sobrevivência no mundo animal, como também no processo de adaptação ao ambiente ocorriam alterações orgânicas nos seres vivos que se transmitiam aos seus descendentes, possibilitando melhores condições de vida para aquela espécie. Basicamente, o que Darwin dizia era que a lei da sobrevivência favorecia aos mais fortes e ou mais espertos. O homem jamais foi ou será o mais forte animal da terra, mas sem dúvida é o mais esperto.
Visando entender como o homem sobrevive através de sua esperteza, poderia aqui ser simplesmente citada a famosa “lei do Gerson”: “todo mundo quer levar vantagem, leve vantagem você também.” No entanto é preciso ver além da intenção de sobrevivência em um mundo que não tem mais riscos físicos naturais como na Idade da Pedra ou Idade Média com suas guerras por expansão territorial. É o evolucionismo social.
Quer se trate do desenvolvimento da Terra, da vida sobre a superfície, do desenvolvimento da sociedade, do governo, da indústria, do comércio, da língua, da literatura, da ciência, da arte, no fundo de todo progresso está sempre a mesma evolução que vai do simples ao complexo, através de diferenciações sucessivas.
É perceptível que esta doutrina se aplica a tudo, seja aos seres humanos, às instituições, às sociedades, em dissonância com a teoria biológica, que engloba unicamente os seres vivos. Entretanto, a distinção mais importante a se lembrar é quanto ao conceito que as escolas atribuem à palavra evolução. O evolucionismo tem como característica precípua a definição de evolução como sinônimo de progresso, deixando à margem a vertente regressiva.
O fato é que o homem está cada vez mais buscando o progresso e esquecendo o próprio homem como objeto principal. Ter conforto é progresso. Ter dinheiro é progresso. Ter tecnologia é progresso. E a contra mão desse progresso é a “lei do Gerson”. Para alcançar esse progresso, o ser humano é colocado em segundo plano como mero objeto que fica de lado enquanto a carruagem do progresso passa arrastando conceitos éticos e morais.
Se Charles Darwin elaborasse a sua teoria evolucionista em pleno século XXI diria que o homem não está em franca evolução, mas, sim, em franca “implosão social”. E o primeiro segmento a implodir é sem dúvida a família. O capitalismo empurra cada vez mais pais para fora de casa por maior tempo enquanto filhos não enxergam mais os pais como autoridade e exemplo a serem seguidos. No mundo atual é cada um por e Deus por todos.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

A BANALIZAÇÃO DA MORAL


A sociedade moderna está enveredando por um caminho desvirtuoso da sábia consciência do que vem a ser moral. Vejamos algumas definições e considerações de diferentes autores sobre o significado da palavra Moral. Vale destacar que alguns a igualam à Ética, mas o importante é saber que atualmente ambas tem significados e usos diferentes entre si.
A palavra Moral tem origem no latim - morus - significando os usos e costumes. Moral é o conjunto das normas para o agir específico ou concreto. A Moral está contida nos códigos, que tendem a regulamentar o agir das pessoas. Para Augusto Comte (1798-1857), "a Moral consiste em fazer prevalecer os instintos simpáticos sobre os impulsos egoístas." Entende-se por instintos simpáticos aqueles que aproximam o indivíduo dos outros. Para Piaget (1896-1980), toda Moral é um sistema de regras e a essência de toda a moralidade consiste no respeito que o indivíduo sente por tais regras.
Já nos dicionários. Moral: (subs.) 1. o mesmo que Ética. 2. O objeto da Ética, a conduta enquanto dirigida ou disciplinada por normas, o conjunto dos mores.
Mesmo com todas estas explicações sobre moral, não é possível encontrar na prática tais conceitos como regras de conduta. Em tudo o que se anuncia, nas propagandas do que se tenta vender para o consumidor, em qualquer meio de comunicação, a figura humana é explorada de forma equivocada. Não se valoriza mais o interior das pessoas, e sim o corpo, a casca, a parte de fora do ser humano. Das mulheres então é explorado a sensualidade, a sexualidade, como se a mulher fosse um objeto qualquer de consumo. Não é verdade. O homem como a mulher são seres racionais, não são inanimados. Por que mostrar partes do corpo do homem ou da mulher para vender bebida, tinta de parede, carros, alimentos, etc? Mesmo na propaganda de cosméticos não há necessidade de expor partes intimas da mulher ou do homem para vender batom, por exemplo. Do jeito que usam da propaganda dá a entender que quem usar certo tipo de perfume ou tomar determinada bebida vai alcançar o sucesso com o sexo oposto. Ledo engano. Isso é a banalização da moral. O ser humano não é objeto de consumo.
No comportamento do dia-a-dia vemos isso no caminhar pelas ruas. São roupas cada vez mais curtas que as mulheres usam para pura prática de sedução dos homens. Outro tremendo engano. O homem que quer uma mulher para compromisso não vai escolher uma que se expõe de tal maneira. Pelo contrário, vai entender que a mulher exposta está aberta a tudo, menos a compromisso sério, já que não leva sua moral a sério. É imoral sim o que as mulheres estão fazendo com o próprio corpo.
Os homens não ficam atrás ao sair para as “baladas” para “pegar” gatinhas. Olham as mulheres como abutres olham para a carniça. Aí esses tais encontram aquelas tais e o resultado vem nove meses depois. Por quê? Porque não agiram dentro da moral
Mas isso só acontece porque o homem perdeu o parâmetro de moral. Antigamente, muito antigamente, a religião servia de parâmetro e isso durou por milênios. Era o medo de pecar e ir visitar o inferno depois de morto. Os padres, sacerdotes, ditavam as regras e eram obedecidos sob pena de excomunhão, o pior dos castigos. Depois veio a sociedade paternal, onde o pai ditava as regras e era obedecido. Época dos casamentos arranjados, moças prendadas, filhos educados nos melhores colégios.
Hoje não há mais parâmetro. O que se vê pelo mundo é a falência da moral e dos bons costumes. Cada dia mais cedo encontramos adolescentes grávidas de pais mais jovens ainda. Família que acha normal levar o casal de namorados para dormirem juntos dentro da própria casa porque assim se sabe onde os filhos estão. E o princípio do casamento, onde fica? Já foi, como dizem os jovens. Hoje a moda é ficar.
“Eu sei o que é moral apenas quando você se sente bem após fazê-lo e o que é imoral é quando você se sente mal após. (Ernest Hemingway. Death in the afternoon - 1932)”.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

FANTASMAS URBANOS

Um psicólogo da USP, para sua tese de mestrado, trabalhou por alguns anos como faxineiro no campus da universidade e comprovou que certos profissionais não são notados no seu dia-a-dia. Enquanto ele, o psicólogo, estava vestido e trabalhando de faxineiro, nem seus colegas o cumprimentava. No entanto, ao trocar de roupa e pegar seu material para estudar ou simplesmente andar pelo mesmo caminho dentro do campus, todos o notavam e paravam para conversar.
Essa experiência mostra o quanto nós somos ingratos e indiferentes com outros seres humanos. Muitas vezes, e não são poucas, chegamos a parar o carro para não machucar um cachorro que atravessa a rua à nossa frente. Outras vezes paramos para admirar coisas inanimadas como se fosse a mais bela do mundo. Recebemos mensagens de e-mail com paisagens lindas e ficamos estupefatos com a obra de Deus. Mas em uma calçada, quando tem um varredor de ruas limpando o nosso caminho, passamos sem ao menos olhar onde pisamos, menos ainda pedimos licença por estar atrapalhando o seu serviço. Já vi casos em que pessoas se irritaram porque quase tiveram os seus pés varridos por um descuido do trabalhador, sendo que este estava fazendo o melhor para que os transeuntes não pisassem em lixos que eles mesmos jogaram ao chão sabendo que mais tarde teria alguém para limpar.
Qual o valor do ser humano para o próprio ser humano? Será que este valor é quantificado pelo que veste ou tem? Quem vale mais como ser humano, o que veste branco e senta em cadeira acolchoada de veludo ou o que pega em uma vassoura e nem uniforme tem para deixar a cidade dos engravatados mais bonita e isenta de focos de doenças?
A resposta para estas perguntas está na racionalidade humana. Essa racionalidade trás diferenças onde não deveria existir, por exemplo: ser o mais gordo, o mais feio, o mais ou menos qualificado, etc. Isso porque pensamos que fazemos e somos diferentes uns dos outros, o que não é racional.
Michel Montaigne  (pensador e filósofo francês, 1533 – 1592) usava os animais para identificar e condenar essa racionalidade humana. Em uma de suas muitas citações, pergunta: “alguém já viu um porco criticar outro porco por estar gordo demais, ou um cão rejeitar uma cadela por ser de raça diferente?” Só o ser humano faz tal diferenciação e se vangloria disso.
Quer seja um varredor de rua, coletor de lixo, garçom, faxineiro, zelador, diarista, manobrista, enfim, qualquer trabalhador que não notamos no nosso viver, tem valor como qualquer outro que trabalha honestamente. “A mais honrosa das ocupações é servir o público e ser útil ao maior número de pessoas. Montaigne.” Se achamos bom ser servidos, devemos aprender a servir também, só assim valorizamos o que recebemos. É o respeito para ser respeitado. É o amar para ser amado. É dar para receber.
Nada custa pedir licença e agradecer ao varredor de rua quando estamos andando nas calçadas. Falar um bom dia, dar um sorriso, parar para conversar com tais pessoas, e não me refiro só a varredores, mas a todos que não notamos sempre, faz bem e levanta o astral dessas pessoas, elas se sentem notadas e valorizadas. Elas, como todos, precisam e merecem ser notadas. Isso é amar ao próximo como a ti mesmo.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

ISSO É UMA VERGONHA!

O grande jornalista Boris Casoy, da Rede Band, que me perdoe o uso sem autorização do seu famoso bordão, mas não há outra expressão que expresse melhor o que a população tricordiana deve estar pensando depois de ler o artigo deste jornal na edição nº 811, onde se encontra a reportagem sobre a votação do aumento de salário dos vereadores, prefeito, vice e secretários: 30% para os primeiros e 50% para as secretarias. É ou não uma vergonha?
Não estou aqui para defender a classe dos professores, da qual faço parte. Afinal, ser professor, médico, enfermeiro, engenheiro e outras tantas profissões graduadas é uma opção. Mas e quanto a ser lixeiro, varredor de rua, ajudante geral, auxiliares e técnicos? Isso não é uma escolha, é necessidade decorrente de uma oportunidade que não tiveram de um estudo qualificado que os colocasse em condições de progressão, o que remete à competência desses que agora querem aumento.
Prefeito, vice e secretarias têm uma carga horária de trabalho realmente desgastante, o que não justifica um aumento maior que os chamados serviçais. Para prefeito até justifica o aumento em se pensando na sua responsabilidade, embora que para o que está saindo não justificaria. Já para os vereadores... Misericórdia!
Quando o Legislativo prestar atenção na importância dos nossos “lixeiros” e varredores de rua, verão que estes sim merecem um aumento de salário. Afinal, são eles que recolhem todos os lixos que os próprios vereadores descarregam nas ruas, de suas casas e escritórios. São estes trabalhadores que não têm nojo de recolherem o papel que os vereadores usam para limparem o seu... Seu... Deixa pra lá! Se não fossem estes verdadeiros heróis, a população mundial não seria de quase 7 bilhões de habitantes. Uma aulinha de História para os nossos governantes cai bem aqui.
Meados do século XIV foi uma época marcada por muita dor, sofrimento e mortes na Europa. A Peste Bubônica, que foi apelidada pelo povo de Peste Negra, matou cerca de um terço da população européia. A doença mortal não escolhia vítimas. Reis, príncipes, senhores feudais, artesãos, servos, padres entre outros foram pegos pela peste. Também atingiu a Ásia, matando um total superior à metade da população do mundo até então conhecido. Para surpresa dos estudiosos, descobriu-se que o culpado de tanta morte era o rato. Isso mesmo. Não havia saneamento básico nas cidades, o lixo se acumulava nas ruas e casas, o que favorecia o proliferamento de ratos. Estes, com suas pulgas, transmitiam a doença para os humanos que se contagiavam uns aos outros e a morte estava instalada.
Se hoje temos lixeiros, não temos pestes. Se não tivermos lixeiros, não haverá verba da Secretaria de Saúde que dará conta. Então quem é mais importante: os vereadores que mal se reúnem uma vez por semana para fingirem trabalhar ou o homem que passa o dia inteiro literalmente correndo atrás de um caminhão fétido para evitar que fiquemos doentes?
Os vereadores eleitos podem já começarem a tomar providências para reverterem essa vergonha. Caso contrário, o povo pode não reelegê-los. Em todos os discursos a máxima era a mesma: “quero defender os interesses do povo”. Está aí a chance de provarem que estão falando a verdade, caros senhores vereadores. Porque os que saem defendem o próprio bolso. Oxalá se esta tal Lei Orgânica não venha com um adendo retroativo para os pagamentos.
Vereadores, vocês são um vergonha.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

NOSSA VIDA.... NOSSA RESPONSABILIDADE!

Há muito tempo atrás escutei uma parábola sobre um sábio e seu discípulo que diz o seguinte.
“Existia um sábio muito famoso por acertar tudo o que lhe era perguntado. Um dia o seu discípulo resolveu desafia-lo. Pegou um pequeno pássaro, escondeu-o na mão fechada e perguntou ao sábio: - mestre, em minha mão tem um pássaro, ele está vivo ou morto? Tranquilamente, o sábio olhou dentro dos olhos do discípulo e disse: - se eu disser que está vivo, você aperta a mão, mata-o e diz que errei; se eu disser que está vivo, você abre a mão e o pássaro sai voando, então você diz que errei. O que você prefere que eu responda?”
O mestre estava certo, esta era a intenção do discípulo. Da mesma forma que é a nossa intenção sempre desafiar o que já sabemos, moldando as situações a nosso favor.
Temos a vida, a nossa vida em nossas mãos e brincamos de adivinhações com ela. Sabemos o que é certo e errado, moral e imoral, mesmo assim desafiamos a lógica de que a vida é uma só e deve ser vivida da melhor maneira possível. Julgamos-nos imortais, intocáveis, invulneráveis, super-heróis de quadrinhos. Somos influenciáveis por vidas da ficção onde tudo termina bem, o mocinho casa com a mocinha no fim do filme e vão ser felizes para sempre. Grande ilusão essa!
O que estamos fazendo com nossas vidas? O que estamos esperando para deixá-las melhor, o que vai ser melhor para muitos direta e indiretamente? Perdemos tempo nos preocupando com o que os outros vão achar, vão pensar. Preocupamos-nos mais com a vida dos outros do que com a nossa própria. Olhamos mais o quintal do vizinho do que o matagal que temos dentro de casa. Isso é um veneno com o qual alimentamos e não percebemos que estamos suicidando. Ao olharmos para os outros em primeiro lugar, estamos ignorando o nosso próprio viver, nossos defeitos e qualidades. Nosso olhar está sempre à procura de algo que podemos comentar ou fazer como se isso fosse um troféu, o diferencial entre nós e os outros. Arriscamos em caminhos que por vezes não tem volta e continuamos acreditando que no final tudo vai dar certo, ou que paro e volto quando quiser. Pagamos um preço alto por essas escolhas erradas e não nos corrigimos mesmo assim.
Embasados em versículos do livro de Apocalipse, algumas pessoas falam que “o inferno aqui na terra”, se é verdade eu quero permanecer no inferno, pois a vida é muito boa para ser desperdiçada em lugar pior. Temos a nossa vida em nossas mãos, vamos apertar ou abrir as mãos? Sugiro que olhemos os pássaros, as flores, o sol, a lua, enfim, toda a criação do maravilhoso Deus e façamos nós mesmos então a escolha, não deixando que escolham por nós. Vida ou morte, qual a nossa opção? Viva a vida que é única e curta demais. Seja você com orgulho do que é e não pelo que desejam que você seja. Assuma-se. Seja feliz com a sua própria vida e não com a dos outros.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

A DEMOCRACIA E O PODER

Também poderia ser o poder da democracia.
Quando um político, e isso se refere à grande maioria dos políticos, assume o cargo para o qual foi eleito pelo povo em uma democracia de fato, o seu papel tem de ser de representar os interesse de seus eleitores, ou seja, do povo. Isso é o que prega a cartilha de um estado democrático como é o caso do Brasil.
No entanto, quanto este mesmo político assume o seu lugar de direito assume uma postura de intocável, de onipotente, se julga acima do bem e do mal, da lei, da ética, da moral e, principalmente, esquece que foi o povo que o colocou no “trono”. Começa a caça àqueles que não estiveram do seu lado, que não votaram nele e então a caçada se torna cega e injusta.
Na democracia o direito ao voto é livre. Cada pessoa vota em quem achar melhor, não importa se está visando o próprio interesse ou se pensa na comunidade, é direito seu eleger quem bem entender, valendo votar, ou deixar de votas, até por protesto, como aconteceu na cidade do Rio de Janeiro na década de 1970 em que o macaco Tião do zoológico local recebeu mais voto que o prefeito empossado. Quem não se lembra do famoso Enéas que foi eleito com mais de um milhão e meio de votos para deputado federal? Não votar em determinado candidato não significa ser inimigo deste. Cada um tem o seu direito de voto dentro da democracia. Nada mais óbvio se um funcionário da prefeitura, do estado ou federal apoiar quem já está no poder na esperança de manter o emprego. Mas isso só acontece por medo de uma troca acontecer desencadear a “caça às bruxas”, o que normalmente acontece porque nossos políticos não aceitam oposição. “Se não está do nosso lado, então é inimigo!”; “Nada de protesto contra o governo, se fizer prendo e arrebento mesmo!”, “Brasil, ame-o ou deixe-o!”. Estas são frases muito ouvidas durante a ditadura militar. Lutamos por uma liberdade de expressão, de ação, de ter mais partidos e de votar em quem quiser. Agora isso é proibido pelo medo, a chamada autocensura, a pior de todas, impostas por políticos que não entendem que só estão no poder porque a democracia permitiu que se candidatasse e que expusesse seus planos, que falasse na hora e onde quisesse. É o direito pregado pela democracia.
Em Cambuquira o poder da democracia se fez valer pela voz de um grupo de ex-funcionários da área de saúde. Recorreram ao legislativo que questionaram o executivo e tudo foi normalizado dentro da lei. Se vão reassumir o cargo é outra coisa, mas se valeram do direito de questionar o “Golias”, e venceram. No entanto isso não significa derrota do “Golias”, pelo contrário, mostra que é justo e busca o que é certo. É perdoável as primeiras atitudes de quem não conhece o poder do poder. “Quer conhecer o caráter de uma pessoa, dê-lhe poder!” Essa frase é de autor desconhecido para mim, mas eu coloco uma outra: reconhecer que errou e procurar corrigir este erro é sinal de hombridade e humildade, o que falta nos atuais políticos. Não é vergonha voltar atrás, vergonha é não querer voltar atrás.
O exemplo de Cambuquira só reforça um conceito filosófico de Marilena Chauí que deveria ser usado por todos os habitantes do planeta: “sempre devemos tomar a decisão de não aceitar como óbvias e evidentes as coisas, as idéias, os fatos, as situações, os valores, os comportamentos de nossa existência cotidiana; jamais aceitá-los sem antes havê-los investigado e compreendido”. Se assim não for, não vivemos em uma democracia de direito.
Parabéns aos legislativo e executivo cambuquirense pela hombridade de corrigirem uma injustiça.

UM GRITO DE ALERTA

A mídia vem divulgando largamente as constantes agressões de estudantes contra o patrimônio escolar e a professores. Isso nos parece distante, já que residimos em uma cidade tida de interior e pacata. Mas não é bem assim.

Aqui em Três Corações podemos constatar as constantes transgressões juvenis contra aqueles que se esforçam para fazerem cidadãos dignos, capazes e responsáveis. O que acontece em caso de queixa do professor? Nada, absolutamente nada. Por quê? Porque o Estatuto da Criança e do Adolescente, ECA, não permite. E ainda tem o apoio do Juizado de Menores e do Conselho Tutelar.

A impressão que o povo tem em relação aos Direitos Humanos é de que foram feitos para proteger os criminosos. Se alguém já viu um comissário dos Direitos Humanos visitar uma família que perdeu um ente querido em assalto ou rebelião prisional, por favor me apresente o caso e, em público, me redimirei. No entanto, processam o Estado contra maus tratos a prisioneiros, a bandidos, processam policiais que revidam à altura à criminalidade, reclamam de superpopulação nas cadeias públicas, enfim, reclamam e processam sempre a favor de melhores condições para os bandidos que nos prendem em casa e querem ou estão em liberdade.

Esta mesma impressão estamos criando do ECA. Hoje é mais fácil trocar, transferir um professor do que punir um aluno que agride este mesmo professor. Não se pode colocar um aluno para fora de classe. Não se pode mandar o aluno embora antes do término do horário letivo. Expulsar então é uma utopia. O professor que tomar uma atitude mais enérgica, nem estou referindo a punição física, mas pura e simplesmente um grito que seja, é processado pelos “grandes” comissários do ECA, pelo Conselho Tutelar e com aval e conivência do Juizado de Menores. Que autoridade pode exercer então o professor?

Diante da Constituição Brasileira, todos são iguais. Mas diante destas entidades, todos os alunos são superiores ao professor. O professor é um reles fantoche diante de uma sala de aula. Foi o tempo em que estudar em uma escola de disciplina rígida, como as militares e de “freiras”, era motivo de orgulho para os pais e as vagas em tais entidades eram disputadas. Hoje, a escola que presta, tanto para os pais como para o governo, é aquela que mais aprova alunos, chegando ao cúmulo de termos em nossa rede de ensino municipal alunos que entram no Ensino Médio classificados de semi-analfabetos. Parece mentira, mas é verdade.

Quando os professores serão considerados pelo ECA, Conselho Tutelar, Juizado de Menores e pais como seres com direitos à dignidade, hombridade e principalmente de respeito?

Este é um grito de um professor: CHEGA DE ACHAREM QUE O PROFESSOR NÃO MERECE CONSIDERAÇÃO.

Com a palavra, os órgãos citados.

 
Visitantes adquiriram informação e conhecimento!