sábado, 15 de setembro de 2012

Cabrito Bom Não Berra




Nas corridas de cavalo existe o cavalo chamado Azarão, é aquele que corre por fora sem ser chamado de favorito, mas que acaba levando o prêmio pagando alto para quem aposta nele. Normalmente ninguém repara nesse cavalo. Passa despercebido, o jóquei não dá entrevista cantando vitória e o dono nem vai ao páreo para vê-lo correr. Mas ganha... E ganha bonito para entrar no rol da fama saindo do nada, chegando atrasado, longe dos holofotes.
Parece que em nossa cidade o azarão tem nome e sangue vencedor. Vanda Maciel, com sangue PT. E ainda carrega uma tendência que parece vir tomando conta do planeta: a mulher no poder. Para arrepiar ainda mais os cabelos – daqueles que tem – dos adversários, basta lembrarem que temos uma presidente no poder do Brasil e que não por acaso também é do PT – Partido Trabalhista. É uma força considerável. Será que tem chance essa “azarão”? Vejamos.
Caríssimo eleitor tricordiano, repassemos o que acontece nas campanhas de Três Corações e com os candidatos ao executivo.
Há uma forte corrente contra na navegação rumo ao poder executivo em nossa cidade. Candidatos envolvidos em escândalos, quer seja em nossa cidade, quer seja em cidade vizinha ou ainda a nível nacional. Quanto à veracidade dos fatos isso é plausível diante das provas e processos em andamento. Por outro lado, os que não estão envolvidos em escândalos parecem que morrem pela boca. Falam demais, aprontam demais e fazem de menos. É preciso analisar os que querem voltar, os que estão dentro e os que querem entrar. Qual oferece menos risco em uma aposta? Ou melhor, que merece mais confiança já que votar não é e nem deve ser considerada uma aposta, pois é o destino da cidade e de seus habitantes que temos em nossas mãos, na ponta de nossos dedos ao confirmarmos nosso voto. Não é possível titubear e “pagar para ver”.
Aos que estão dentro, tanto executivo quanto legislativo, seus atos falam por si. Muita coisa foi feita, não há como negar, mas conduziu a que? Conduziu sim. Asfalto, asfalto e mais asfalto – que se solta quase que imediatamente para poder ser recolocado estrategicamente - conduziram carros particulares às ruas enquanto transporte urbano foi retirado das paradas no centro para que tais carros pudessem trafegar melhor. E a população que caminhasse mais até um ponto de parada de ônibus que lhe servisse. Quem tem carro não precisa desse esforço, pois pode parar onde quiser, quando e quanto quiser que os “azulzinhos” tomam conta, valendo usar as faixas de pedestres como estacionamento exclusivo. O ponto de ônibus para São Tomé das Letras agora é panorâmico. Os usuários se bronzeiam quando tem sol e se refrescam quando tem chuva, pois a antiga rodoviária foi removida para dar espaço a uma praça e um contorno que os motoristas de ônibus e caminhões utilizam para exercitarem os bíceps para contorná-la. Seria o responsável pelo trânsito tricordiano adepto da malhação mesmo que involuntária? E o legislativo preocupado em construir uma escola legislativa de utilidade duvidosa. Legislativo este que pode se contar nos dedos das mãos os benefícios – se é que houve, mas para não cometer injustiça deixemos a frase assim mesmo - trazidos para a cidade e a população. Mais parece a casa da Barbie, esta está sempre presente mesmo. Pouca ação para quem quer ficar.
Há dois anos a população dos bairros Jardim Fabiana e Vila Rezende vem pedindo a canalização do esgoto que corre a céu aberto cortando os bairros e até o presente nada foi feito, pelo contrário, os manilhões que lá estavam deixados pela gestão anterior foram tirados porque não queria que se continuasse a obra do gestor anterior. E a população dos bairros mais afastados continuam a ver navios, principalmente na época de chuva.
Os que querem entrar para este “farto negócio” chamado poder político, o leitor já sabe bem o que anda acontecendo. No entanto vale ressaltar a falta de palavra e de compromisso tão alardeado. Aquele que trai antes pode muito bem trair depois. Se há acusação vale lembrar-se de outro velho ditado: “onde há fumaça, há fogo!” O leitor não pode e nem deve ser um bombeiro social ou um cego que não quer ver. Tentar maquiar a situação só traduz a personalidade destes. Abandonar partido ou decisão partidária, refutar nos acordos feitos e aderir àqueles que parecem mais fortes não é exemplo de ética. Será que é normal um torcedor fanático trocar de time a cada vez que este não tem chances de ser campeão? Claro que não. “Torcedor” fiel fica com o time até quando é rebaixado, não passa para o lado do adversário por nada. Não se troca ideologia por possível cadeira no poder. Isso é baixaria, imoral e devastador para uma carreira política.
No meio do fogo cruzado, resta ao eleitor analisar o que resta, não escolher entre os piores o melhor, mas aquele que melhor usa o poder, o mais humilde a ponto de não precisar ir para as esquinas de gritar em alto e bom tom o que é, faz ou pretende fazer. Plano de ação é colocado em prática e quem já teve esta chance e não fez, então é hora de sair. Tiveram sua chance e não aproveitaram mesmo. É hora de o eleitor provar que brasileiro NÃO tem memória curta. De ser um ser pensante e atuante. Traidores, falsos, inativos, inescrupulosos, bairristas, egocêntricos, “patricinhas” e “mauricinhos” está na hora de ficarem de fora.
Cabrito bom, não berra. Azarão também ganha corrida e faz a felicidade de quem acredita nele.

domingo, 19 de agosto de 2012

HISTORICIDADE DOS VALORES MORAIS

Criados na vida social para orientar as ações humanas e regularem a relação entre as pessoas, os valores morais não têm validade universal. Ao contrário, eles são válidos apenas em um contexto específico, no quadro de uma cultura determinada, e têm existência histórica.
Os valores são válidos apenas em contextos específicos, ou seja, em um determinado aqui/agora, porque um comportamento bom e aprovável em certo momento pode ser ruim e profundamente reprovável em outro. Mentir é reprovável na maioria das ocasiões, mas quem recriminaria as pessoas que, fugindo da perseguição do exército nazista, mentiram sobre o paradeiro de seus colegas e não os entregaram?
São válidos no quadro de uma cultura, porque os valores não fazem sentido isolado de todas as outras dimensões da vida humana. Assim, é preciso levar em conta o quadro de relações que leva um grupo a definir alguns comportamentos como aprováveis ou reprováveis. Por essa razão, um mesmo ato pode ter sentidos diferentes se tiver acontecido nas classes médias urbanas de metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro ou em uma pequena cidade interiorana; se uma ação ocorre entre um povo indígena ou em um país do oriente.
Esses valores são válidos historicamente porque são criações humanas e, como tais, atendem a necessidades de um determinado grupo e um dado momento. Por isso, são passíveis de mudanças. A história das mulheres nas sociedades ocidentais ao longo do século XX pode exemplificar essas mudanças: uma série de comportamentos mal vistos e indesejados há 50 anos hoje é aceitos e até mesmo valorizados.
Como se vê, os valores morais não estão organizados em uma tábua de prescrições de condutas que levam automaticamente a uma vida boa. Ao contrário, eles são criações humanas ligadas às condições de vida historicamente criadas. Não podemos ter tudo a todo instante e aprender a decidir é, também, aprender a hierarquizar o que é mais importante do que é menos importante na situação em que a escolha nos é colocada.
Como se pode deduzir, a questão da liberdade é um dos grandes temas nas discussões morais. Mais que escolher entre duas alternativas, liberdade é decidir conscientemente por que se está tomando esta atitude e não outra. Assim, a liberdade pressupõe uma pessoa que interiorize as razões pelas quais se age, ou seja, um sujeito que se coloca como a causa última das próprias ações. É importante, no entanto, nunca esquecer que sempre há um segundo sujeito nas ações de liberdade que se envolve, ou seja, o limite do outro deve ser respeitado. Tudo que ultrapasse esse limite pode causar ações indesejadas e isto gera conflito. A liberdade de escolha deve pesar sempre se vai ou não prejudicar a alguém ou provocar alguma situação indesejada, principalmente dentro de um contexto moral regido por uma sociedade. Se o indivíduo está inserido em tal sociedade, certas liberdades morais não são cabíveis. Para isto foram criadas as leis.
Na perspectiva da filosofia Existencialista, na visão de Nietzsche, o homem “assassinou” Deus. Não se tem mais parâmetros de comportamento de respeito ao próximo e até mesmo a si próprio. Se forem analisados na concepção de Nietzsche, os Dez Mandamentos e todos os evangelhos bíblicos já foram esquecidos e a religião é uma arma psicológica que o homem usa para manipulação do que considera moral ou ético, sendo o homem objeto de desejo para grandes realizações políticas e sociais. Assim, em pleno século XXI não se vê um conceito capaz de conduzir o homem a um “paraíso” como apregoam religiões, ONGs e até mesmo políticos. Tudo o que se vê são interesses.
A frustração faz parte do cotidiano humano, onde o Ser e o Não Ser são presentes. O desejo de Ser algo mais leva a comportamentos longe do conceito moral e ético social. O desejo de Ser mais que o outro não impede que atitudes consideradas outrora impensáveis acabem por causar angústia e vem em seguida a frustração quando se descobre que outros pensam da mesma forma e que a corrida para o Ser algo é muito mais competitiva e com isso as “armas” usadas ficam cada vez mais pesadas. Que armas poderiam ser essas? Aquelas que precisam ser municiadas com imoralidades, desdém de ética e passível de explicações egoístas, afinal o Existencialismo apregoa o “Eu” como prioridade, então “os fins justificam os meios”, diria Montesquieu.
Quando o Não Ser vem a tona, a frustração provoca reações diversas em que mais uma vez  valores morais são esquecidos. Realmente é angustioso, frustrante ver castelos se desmoronarem na praia com as marolas que passam. É o despreparo psicológico que leva a tragédias inúmeras por toda a História. O homem definitivamente não está preparado para ouvir o “não” imposto pela vida. Daí a insegurança ao descobrir de que é inferior em pensamentos, conhecimentos, matéria, beleza, etc., quando na verdade não o é, apenas existem mais seres como ele. É uma competição psicológica e não substantiva onde se pode descartar ou trocar componentes para melhor preparar o que se tem a mão para esta disputa. Infelizmente o homem vive muito mais no abstrato que no material.  Vive subjetivamente e não objetivamente, embora que no campo do objetivo é onde residem as maiores frustrações do Não Ser humano.
Sem parâmetro moral ou ético, o homem torna-se canibal de si mesmo.

domingo, 10 de junho de 2012

Campo Minado


Viver é um constante desafio. É um pique esconde-esconde onde você tenta se esconder de si mesmo. Não é esconder algo, mas viver com seus medos, suas angústias, frustrações, anseios e decepções. É lutar por compreensão e entendimento. Não é fácil. É uma luta desigual. Você luta contra seus anseios e frustrações, achando que o mundo acaba quando uma derrota se avizinha e esquece que amanhã é outro dia, outra batalha em uma guerra infinita chamada vida onde o seu maior inimigo é você mesmo com seus medos.
O que falamos, pensamos e fazemos têm seus pesos específicos, suas consequências imediatas e invioláveis. O fiel dessa balança está sempre nas mãos de outrem, quando o fiel deveria ser o equilíbrio entre o bem e o mal, o justo e o injusto, o possível e o impossível. Mas não, são outros conceitos que controlam ações e reações, sucessos e fracassos. Tristezas e felicidades, vida e morte. É um constante viver atrás da linha inimiga. É um dormir em ninho estranho e acordar com seus pesadelos. Estamos sempre na alça de mira daquilo que esperam que sejamos e não do que almejamos ser por nós mesmos. Daí a angústia de querer ser e do não ser, do tentar ser e do não conseguir ser. Somos, na realidade, o que querem o que sejamos, nunca nós mesmos.
Que armas usar não interessa. Sempre serão obsoletas. Palavras são lançadas ao vento, transformadas em tempestades por aqueles que não conseguem se encontrar e destroem a possibilidade dos que podem ser. Tempestades com raios e trovões contra a própria natureza onde não há benefício alheio, apenas impõe derrota aos almejados por frustrações impostas. Mesmo com atitudes pensadas, medidas, articuladas e calculadas tudo parece em vão. É andar em campo minado e escutar explosões em sua volta. Parece impossível a sobrevivência. É a lei do cão. É a teoria do caos em que determinados resultados podem ser instáveis, aleatórios. A consequência do bater das asas da ganância que corroem os alicerces da moral e da ética, do bem estar social e felicidade coletiva, da democracia do livre pensar e responsabilidades dos atos. É a teoria do caos da inveja que deveria e poderia ser usada para o bem, como motivação para superar aqueles que julgamos ser melhores e que, no entanto, se transforma em cascatas de intolerância e ignorância que impede o crescimento próprio, criticando o crescimento alheio.
Viver é mesmo um constante desafio. Um andar em corda bamba, sendo que andamos em arame farpado pisando em ovos. É uma gangorra com altos e baixos cujo embalo é o meio social em que vivemos, é o nosso habitat natural feito artificialmente pelos homens em busca de proveito próprio. É um equilibrar a cada milésimo de segundo, a cada suspiro, a cada piscar. Não se passa por brisas, atravessa turbulências e nuvens carregadas de energia que lançam raios. Não há calmaria, há, na verdade, o olho do furacão onde a calma é ilusória e temporária com tempo certo para derrubar o que ou quem aparece pela frente, que pareça obstáculo, oferecer empecilho. Sempre há tufões querendo demolir o que pouco se constrói. As gotas de chuvas que caem se misturam com as lágrimas para disfarçá-las, para esconder o que se sente no íntimo, a angústia e a frustração de ver sonhos e realizações destruídos. Para que revelar se o som do seu íntimo se perde no rugido das trovoadas?
A vida é um campo minado com inimigos ocultos. Campo minado por palavras sem nexo lançadas como granadas dentro da trincheira individual que fazemos na esperança de nos protegermos... Palavras não respeitam muros, barreiras e nem distância. Palavras matam e não deixam rastros.
Tudo é muito difícil. Sair às ruas, dirigir, correr, amar, acreditar, perdoar, entender e ser entendido... Tudo sempre é tão difícil porque o simples fato de viver cada dia por sua vez incomoda aqueles que não conseguem acordar e ver que o sol, mesmo oculto por grossas nuvens, existe para todos de igual forma, igual valor, igual potência, sem discriminação ou preconceito.
É desigual e injusto lutar contra o que não se vê. Qualquer coisa é insuficiente. Mas não basta sentar e esperar que tudo aconteça. Não é melhor simplesmente viver. É preciso acreditar que a bonança existe. Acima das nuvens escuras o sol brilha. Tudo pode mudar. É preciso traçar estratégias e a melhor é querer viver. Não é fácil, mas é preciso viver.
Irônico pensar que mesmo conseguindo viver a todas as intempéries do cotidiano o prêmio de toda uma vida é a morte como ponto final. Há os crentes de que a morte é um descanso. Os contrários a esta teoria afirmam categoricamente que se morrer é descansar, preferem viver cansados. Não sei em qual dessas linhas de pensamentos filosóficas tão profundas me encaixo.
Simplesmente vivo... Simplesmente viva e me deixe viver.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Estrelas de Três Corações



A cidade de Três Corações já tem seu nome na história do Brasil com a figura do rei do futebol Pelé. Mas nem só de futebol se revela a cidade. Talentos têm despontado em várias áreas, além do esporte é claro, a literatura com os projetos estudantis e concursos da Casa da cultura na administração passada, musicistas, atores e artistas diversos.
É fácil apontar mais uma estrela tricordiana que precisa ser revelada.
Na primeira semana de Abril deste ano a E. E. Luiza Gomes apresentou uma peça teatral com seus estudantes do terceiro ano noturno, “Os Sete Pecados Capitais”, e precisou improvisar um personagem. O jovem UELITON FLORÊNCIO MARCOS, nome artístico Ueliton Marcos, componente do Grupo Teatral Fazarte,  foi requisitado e de improviso mostrou todo o talento que Deus lhe deu. Está no ramo há oito anos. Formado em teatro pelo projeto de Braz Chediak, que não é novidade na revelação de talentos, fez a peça “O bebê, a babá e o velho babão” recentemente apresentado em Três Corações e em várias cidades sul mineiras. Atualmente apresenta o stand up “Roupa suja se lava em casa” que corre pelas cidades circunvizinhas e trabalha com o grupo formador de artistas teatrais gospel na igreja Família Transcultural.
Segundo Ueliton, a cidade tem capacidade de revelar muito mais artistas, e sabemos todos disso, mas falta um pouco mais de incentivo das autoridades locais e uma mudança no perfil da sociedade que ainda é muito reticente quanto ao teatro, mesmo quando se coloca preços populares, o que dificulta uma sequência de trabalhos na cidade. Ainda segundo o artista, cidades menores são muito mais receptivas, por isso os artistas tricordianos acabam por buscar platéia fora de seu ninho, o que nem todos gostariam.
É assim, “santo de casa não faz milagres”. Mas fiquem de olho nesta estrela que nasce. Seu nome? Ueliton Florêncio Marcos. Parabéns ao artista e ao mestre Braz Chediak, um caçador nato de talentos cuja vida fala por si.

"Por que não te calas?"


"Por que não te calas?"

A célebre frase do rei Juan Carlos dita a Hugo Chaves que intitula este artigo é agora usada para algumas pessoas que insistem em pegar apenas parte de uma frase e distorcer ao seu bel prazer só para ter a última palavra e se julgar no direito de jogar pedra no telhado dos outros. Estou me referindo a professores que se dizem engajados em uma educação promissora e utópica. São os mesmos professores, e mais especificamente professora, que pulam do barco covardemente depois de fazer rombos na fuselagem do navio.
No princípio do ano de 2012 recebi um folheto em que dizia: "Tudo o que é necessário para o triunfo do mal, é que os homens de bem nada façam" (Edmund Burke). Mas e quando os homens de bem fazem e são retalhados, esquartejados, julgados e condenados por terem tentado ajudar quando ninguém se mobilizou para tal? E quando a realidade da educação é citada para que providências sejam tomadas e é apedrejado por mostrar tal realidade?
Aí cito Martin Luther King: "O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons." E os bons se silenciam por medo ou omissão enquanto que os que falam estão se expondo a tapas e ponta-pé. Dói. Dói muito ver pessoas que deveriam estar engajadas na mesma luta por uma educação melhor, por melhores condições para os estudantes, por melhores escolas. Será que estas mesmas pessoas estão preocupadas com o gasto do estado com o Mineirão que já ultrapassa a casa do bilhão de reais enquanto escolas estão a cair e estudantes não têm se quer merenda adequada porque não tem onde cozinhar? E antes que me apedreje a tal professora, não estou me referindo a qualquer escola de Três Corações, mas à realidade de muitas outras escolas de Minas Gerais e do Brasil, pois meu mundo não é meu umbigo, não penso só nos meus interesses. O que penso é que uma copa do mundo de futebol no Brasil mascara a realidade como na Roma Antiga, é o lema “panis et circenses”, que significa "pão e jogos circenses", mais popularmente citada como pão e circo. Esta foi uma política criada pelo imperador Otávio Augusto, que previa o provimento de comida e diversão ao povo, com o objetivo de atenuar a insatisfação popular contra os governantes. No caso aqui, a educação fica de lado enquanto o circo é armado para mais um espetáculo tupiniquim. Será que a santa inquisidora medieval vai dizer que estou citando uma determinada escola?
O que mata a ética profissional e social é a falsidade que permeia entre os mesmos de uma área. Ser demagogo e esconder o que pensa é falsidade ideológica sim. Pensar e expressar pensamento são condição primária de uma democracia, regida e protegida por lei nos estatutos de conduta de servidores públicos e privados. Não é preciso que seja levantada uma bandeira partidária para que se vangloriem os que querem votos e demagogicamente falam que lutarão por melhor educação e nem fiquem de sorrisinhos amarelos para os superiores hierárquicos. As tais pessoas que atiram pedras e caluniam pinçando pedaços de frases são as primeiras a promoverem guerra contra a educação e acusam colegas de falta de comprometimento com a educação. Que tamanha falsidade. Se assim pensasse realmente não estaria agora ligando a “Deus dará” e acusando pessoas que mostram em público o quanto se preocupam com a educação. Ou não foi isso que ocorreu? A tal pessoa sabe que sim.
Ter grandes projetos e ver seu nome na mídia só faz bem para o ego. Algumas vezes é até bom para mais alguém, mas quando a intenção é ajudar, não precisa a mão esquerda saber o que a direita faz. Pior é ir para sites e publicar difamações de colegas e não assumir. Se está insatisfeita ou insatisfeito com a realidade educacional, correr atrás é o melhor caminho e quando alguém faz isso dignamente recebe uma única frase: "Por que não te calas?"
Respondo por mim.
Não me calo porque tenho esperança que os homens de bem ainda triunfarão sobre uma sociedade mercenária e hipócrita em que diz se preocupar com os jovens e levam dignidade para os políticos corruptos e educação sucateada. Não me calo porque ainda acredito que é possível ajudar jovens a não se embriagarem com uma falsa ilusão de que todos se amam e se ajudam. Que é preciso ajudar os mesmos jovens a pensarem por si só e não esperarem que tudo caia dos céus. Quando isso acontecer saberão separar o joio do trigo e fazer acepções entre lobos e cordeiros. Verão que um rostinho lindo e um sorriso cheio de dentes podem está escondendo um chacal sanguinário envolvido em proveito próprio, incapaz que é de alçar vôos com as próprias asas usam os ombros alheios para dizer que está por cima. Não me calo porque não vou me render a sepulcros caiados e aos fariseus que de tanto orarem nas esquinas em voz alta para que todos vejam acham que alcançarão mais bênçãos que os pobres que oram em silêncio.
Que me crucifiquem, mas tais profissionais demoraram a se retirarem. Hoje são “personas non gratas”. Acho que não sou eu que devo me calar!

sábado, 5 de maio de 2012

VIDA DE CIDADE PEQUENA


Toda cidade tem uma praça que dizem ser central, mesmo não sendo no centro da cidade, principalmente quando a cidade é uma cidadezinha do interior.
Em Minas não faltam praças e nem o que fazer nessas praças. E mesmo não tendo o que fazer o simples fato de ir para a praça e ficar lá sentado já é o suficiente. Sempre tem o que ver e o que falar, porque dificilmente se vai para a praça sozinho, ou sozinha.
- Aquela lá não é a fia do “seu Jão” casada com o “Irto” da farmácia? O que ela tá fazendo aqui a essa hora sozinha?
É. quanto mais no interior, menos temos que nos preocupar com a nossa segurança. Sempre tem alguém tomando conta da gente em todos os lugares por vinte e quatro horas. Basta colocar o pé na calçada que em frente tem uma vizinha debruçada na janela para dar bom dia e perguntar se já vai sair. A vontade é de responder:
- Não, estou chegando agora!
Não adiantaria porque ela viu a que horas todos da casa chegaram. É o ofício saber de tudo e de todos. Acho que por isso jornais locais nestas cidadezinhas não vendem. Para que se todos sabem tudo de todos? Fofoca nova só da mulher que descobre que foi traída. Novo para ela, claro. Nem mesmo da mulher que traí é novidade porque sempre é motivo para contar ao marido para ver o que acontece, só para ver o circo pegar fogo. Fofoca mórbida para criar a esperança de um crime que sirva de assunto por muito tempo e entre para a cultura da cidade.
Quando aparece alguém diferente na cidade sempre tem um que se achega para perguntar se pode ajudar. Na verdade é assim:
- Oi seu moço. O senhor não é daqui. De onde o senhor é? O que o senhor veio fazer  por essas bandas? Quem é o senhor? Quem o senhor procura?
Pouco falta pedir CPF, CIC, declaração de imposto e comprovante de nada consta policial. Em alguns lugares até tem um para ligar para a delegacia e afirmar que viu uma pessoa estranha entrando em tal lugar com atitude suspeita. A polícia, por falta de ocorrências reais acaba por passar perto do estrangeiro e dirigir um olhar dos seis ocupantes do Fiat 147, pois nessas horas sempre cabe mais um, quem é o abestaiado que vai perder uma chance dessas de andar de carro? Lançam um olhar como quem diz “estamos de olho no senhor”. Se o estrangeiro não estiver inteirado desses fatos estremece dos pés à cabeça. Mas isso é coisa de interior mesmo.
Ruim para o estrangeiro quando é reconhecido pela tal da janela. Coitado.
- Cê viu quem chegô da cidade? – é assim mesmo que se referem a uma cidade maior – É o fio do cumpade Tomé que foi estudar fora. Virô um homi feito. Mas falaram que ele se envolveu numas coisas que num sei naum...
Coitado do filho do senhor Tomé! Vai ser assunto até sua partida ou dar explicações infinitas vezes. Mesmo assim haverá quem duvide dele e jurar de pés juntos que ouviu falar o que ele fez. E se perguntar quem falou, foi o Ocride que tem um primo que conhece um amigo que mora na cidade e que é primo da namorada do filho do senhor Tomé que contou para uma amiga durante a missa de domingo. Onde estava o padre e qual era o sermão ninguém sabe e ninguém viu.
Se chegar de carro novo é porque virou traficante. Chegar a pé é porque quebrou a cara e voltou. Se casar com mulher bonita a aposta é de que deu o golpe do baú. Se casar com mulher feia é porque engravidou a garota e não teve outro jeito.
Vida no interior não é fácil mesmo. Passear em paz na praça ou pelas ruas como quem não quer nada então é impossível, pois sempre tem um que quer alguma coisa. Ou melhor, quer saber aonde vai e por que. Se for respondido que simplesmente saiu para esticar as pernas é traduzido como: - fui descoberto. Não responder é pior ainda, significa que você está fugindo ou indo onde não devia escondido de alguém.
Se ficar dentro de casa fosse a solução, seria uma ótima opção. Não adianta. Irão bater à porta só para saber se você está só ou bem acompanhado. No mínimo irão perguntar se está tudo bem enquanto tentam enxergar pela fresta da porta entreaberta para terem a certeza de que não tem mais alguém lá dentro. Não há escapatória.
Muitas pessoas reclamam de morar em cidade grande porque é cada um por si e Deus por todos. No caso de precisar de ajuda fica difícil. Vizinhos não se conhecem. De fato é muito ruim mesmo. Mas não deixa de ter suas vantagens em alguns casos. Já no interior, como disse antes, você sempre é bem cuidado, porque sempre terá alguém por perto, mesmo que você não veja.
Porém, contudo, todavia, uma coisa é certa. Se alguém nessas cidadezinhas gritar socorro aparecerão dezenas de mãos prontas para ajudar. Embora que depois da ajuda surgirão comentários diversos sobre a causa do pedido de ajuda. Mas o que vale é que é um povinho unido mesmo. Fofoqueiros, mas unidos. Se morrer um, todos sentem. Se faltar um, todos se preocupam.
Não há coisa melhor que vida no interior, principalmente sábado à noite na praça. Poderia até ser tomando um sorvete, mas a sorveteria fecha cedo, antes da noite cair. Poderia ser tomando uma cervejinha, mas seria demais falar alto depois da primeira. Diriam depois que você deu escândalos. Não importa.
Bão mermo é falar da vida dos otro que passa de bobeira! Eita trem bão, sô!

CANIBALISMO SOCIAL


Para muitas pessoas pode parecer estranho que haja o tal Canibalismo Social, isto visto que canibalismo está diretamente relacionado ao consumo de carne humana por humanos. Mas quando se refere a um canibalismo social está se referindo ao consumo humano do que vale um ser humano. Os valores e conceitos de ética e moralidade são exemplos claros de como o homem consome a si mesmo.
Uma sociedade controlada pelo interesse próprio em detrimento do seu auto-crescimento quer seja financeiro quer seja social empurra o homem a buscar caminhos que outrora eram repugnados por serem impossíveis e inconcebíveis porque passariam por cima do que se aprendeu que não se devia fazer. Por exemplo, é fácil ver como antigamente o respeito ao próximo e aos mais velhos, sem precisar mencionar minuciosamente o respeito aos pais, era a base de toda boa educação. Hoje é fácil andar em um ônibus e ver mães colocando crianças sentadas nos lugares reservados aos mais velhos enquanto estes se resignam a ficar em pé no corredor tendo como opção brincar com a criancinha sentada. É revoltante ver jovens rindo dos idosos que não conseguem subir os degraus de uma loja e ainda questionam porque “véi” sai de casa.
A verdade é que a sociedade está impregnada de um “EU QUERO, ENTÃO EU TEREI CUSTE O QUE CUSTAR”, independente dos meios que levem aos fins objetivados, é a máxima de Maquiavel: “os fins justificam os meios”. Infelizmente isto é levada às últimas consequências independente de quem vai servir de escada ou quantos tapetes serão puxados. O ser humano consumindo outro ser humano, inclusive até parentes.
Pais orientam os filhos a serem mais “espertos” para que não fiquem para trás. A educação dada não inclui ética ou moral para com uma sociedade cada vez mais banalizada pelas distorções permitidas e incentivadas por todos os canais de comunicação. Aliás, se tinha filhos por opção, hoje filhos são deslizes que são jogados em creches e escolas cada vez mais cedo que servirão de babás e educadores, enquanto os pais continuam a trabalhar cada vez mais para que mantenham o sustento da família em padrões de vida que julgam satisfatórios, porém nunca se alcança esse tal padrão porque quanto mais ganham mais querem, vira um vício ganhar para poder gastar. E os filhos? Segundo os pais modernos, não deixando faltar nada em casa é o que basta. Tendo como comprar coisas caras e da moda, podendo dar tudo o que os filhos pedem é o papel de pai ou mãe. Esquece-se que amor, carinho, tempo em família não tem dinheiro que pague e o que os filhos precisam de uma referência de família e não de trabalhadores escravos de um mundo capitalista em que o homem se torna escravo do consumismo infindável. Na verdade as escolas estão funcionando como depósito de filhos de pais ausentes. Os professores hoje são chamados de EDUCADORES, e os pais são o que?
Não tem como não chamar de canibalismo social o que acontece com os jovens trabalhadores que são impedidos de estudar porque patrões não liberam em horário condizente com as escolas e o governo ainda coloca horários cada vez mais cedo dificultando ainda mais. Depois vem com campanhas de que os jovens precisam de um aperfeiçoamento técnico para que o Brasil tenha profissionais capacitados. Até que muitos querem uma vida honesta, mas não deixam, os jovens estão sendo consumidos por uma ilusão que o trabalho dignifica o homem e que para trabalhar não precisa estudar tanto. Claro. Estudar dá condições de pensamento livre e questionador e qual patrão ou político quer um ser social pensante? O trabalhador estudante, os verdadeiros heróis brasileiros, ao contrário dos participantes de Reality Shows que buscam aparecer e enriquecer de forma fácil, é risco aos burgueses, tal qual na Idade Média em que os nobres tinham como bancar seus pimpolhos em alto padrão social graças ao trabalho dos servos analfabetos e incultos, a verdadeira Idade das Trevas.
O homem é o único animal que explora os mesmos da espécie por ganância e soberba. No entanto, se você quer conhecer um homem, dê uma boa olhada em como ele trata seus inferiores, não seus iguais.

sábado, 17 de março de 2012

Opinião



Nilmário Miranda em Três Corações, MG

"A evolução dos direitos humanos no Brasil".

Estive em seu pressuposto debate em Três Corações, MG, nesta sexta-feira dia 16/03/2012. Obtive uma excelente aula de História do Brasil que muito me valerá em sala de aulas, o que agradeço sendo eu professor de História. Porém não vi nenhum debate, nem sobre sua fala ou sobre as perguntas feitas, inclusive por mim, o que realmente lamento, pois tudo o que vi e ouvi foram respostas politicamente corretas sem aprofundamento ou direito a tréplica, o que inviabiliza um debate. Acho que está profundamente informado sobre carceragens, encarcerados e seus direitos, mas do direito geral deixa muito a desejar. Defender a dignidade de quem está preso é, sim, necessário, mas e a dignidade de estudantes que não têm sequer onde sentar ou de professores por esse Brasil afora que precisam pagar do próprio bolso o material de trabalho, tais como papel, impressão ou xerox?
Países pelo mundo todo oferecem estudos como soluções para a violência urbana e muitos outros paises transferem para os familiares a responsabilidade de sustentabilidade dos parentes presos, assim mantêm suas carceragens a níveis muito, muito mesmo, mais baixo que o Brasil, visto como um dos países mais violentos do mundo.
Como se diz em minha cidade, “sentou na curva”, “arregou”, “deu prá trás”, “amarelou” quando perguntado sobre a violência cometida por policiais, inclusive em Três Corações com prisões arbitrárias e busca e apreensão sem mandatos. Tudo o que o interlocutor queria era orientações de como proceder ou a quem procurar. É compreensível essa atitude, afinal o coronel da PM estava sentado bem ao seu lado e na porta da Câmara havia uma viatura da PM lhe fornecendo segurança.
Pense bem antes de se lançar a um cargo público, pois o povo precisa de justiça e não de justiceiros. Dignidade é para todos e não só para alguns que nunca respeitaram a dignidade dos outros.

             Prof. Jomar Alves
 
Visitantes adquiriram informação e conhecimento!