“Pare o mundo que eu quero descer!” Assim diz a canção de nosso quase conterrâneo Silvio Brito, que diz ser de Varginha, mas na realidade ele é de Três Pontas, só se mudou para Varginha aos 6 meses... Como se essa informação fizesse diferença! O fato é que essa música gravada lá pelos anos 80 do século XX tinha um pedacinho que dizia: -“... Tem que pagar para nascer, tem que pagar para viver, tem que pagar para morrer!” Isso realmente é loucura e olha que pagar para morrer é mais caro que pagar para nascer. No entanto hoje isso não é tão loucura quando comparado com o resto que anda acontecendo por esse mundão sem porteira.
Em um e-mail com texto de autor desconhecido eu li que minha infância foi de heróis esquisitos, tais como um homem que voa de capa azul com a cueca sobre a calça, uma mulher anoréxica tida como modelo de beleza adorada por um marinheiro que coloca uma erva estranha no cachimbo para ter super-poderes, um casal que hoje dizem serem gays inspirados em morcegos e por aí vai. Também acho que ainda é pouco para me desesperar, afinal tinha outros heróis que eu admirava e adorava imaginar sendo um deles. Como os policiais, por exemplo.
Existia uma brincadeira na hora do recreio, hoje se diz intervalo, na escola em que se dividiam dois grupos de meninos em “Polícia e Bandido”. Ninguém gostava de ser o Bandido, era humilhante e denegria a imagem da molecada, mas no final fazíamos sorteio e tudo dava certo. Hoje ser bandido é ser exemplo de como ganhar dinheiro e se tornar famoso, ou seja, acabam por se tornarem heróis. Em outro artigo (O Doce Veneno do Escorpião) já havia citado que uma ex-prostituta se tornou consultora de casais para “apimentar” e salvar o casamento, seu filme foi sucesso de bilheteria e seus livros foram publicados em mais de trinta idiomas. Agora vem o filme “O Assalto ao Banco Central” como promessa de sucesso de bilheteria. Continuo a achar um absurdo a forma como tudo o que é errado seja usado como parâmetro de sucesso no Brasil. É, Silvio Brito, realmente “ta tudo errado, desorientado segue o mundo”.
Um pai que abraça o filho em público é espancado por homofóbicos que, ao que parece, nunca foram acariciados por seus pais, que não sabem o significado de amor entre pai e filho. Talvez seja por isso que se tornaram as pessoas que são. Se tivessem recebido amor paterno entenderiam que a vida é feita de amor, quer seja entre pai e filho, quer seja entre as pessoas. Como é que ninguém joga pedra em Caetano e Gil quando se beijam nos palcos? Por que não fazer movimentos contra pais que não dão carinho aos filhos? Isso sim é preocupante.
E na política então? Quanto mais escândalos, mais se aparece na mídia, logo se tornam mais conhecidos. Na hora da eleição o nome soa conhecido e eleitores se lembram disso, mas esquecem os seus atos, os atos desses políticos. Depois jogam pedra no Pelé, esse sim nosso conterrâneo, quando diz que “o brasileiro tem memória curta”. Um vereador, ou vereadora que se habilita a fazer o papel que lhe é devido, inspecionar o poder executivo, é criticado, ou criticada porque estão “xeretando demais”, enquanto outros se bandeiam para lados que lhe oferecem mais ou posição de mais destaque pessoal. É a venda das cadeiras pelo clientelismo tão comum no Brasil. Quando nem isso dá certo, então se cria um partido. Agora querem impor o voto por partido, onde o partido escolhe uma lista e o eleitor vota na lista e não no candidato, isso significa que é o partido que escolhe quem assumirá a cadeira. Isso é democracia?
Diz aí, Silvio Brito: “-Tá tudo errado, tá tudo errado! Olha aí! tá vendo?
Tudo errado!Tudo errado!”
Tudo errado!Tudo errado!”
Parem o mundo que eu quero descer desse carrossel com música macabra
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