quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Aqui



Aqui é onde estou e vou permanecer.
Aí é onde você está e não quer sair.
Acolá é onde podemos nos encontrar. Se você for!
Aqui e aí são lugares distantes, não convergentes, como sol e lua. Encontram-se, mas não está no mesmo espaço. A física não permite dois corpos ocuparem o mesmo espaço. Por mais que os amantes afirmam que os dois são uma só carne.
Aí é onde mora a distancia e a saudade.
Aqui é onde mora a esperança.
Quem está que está aqui não pode estar aí fisicamente. A saudade conduz e faz presença em sentimento. É como se os corpos se tocassem e, contrariando a física, se fundissem em longo abraço e beijo.
Não. Não pode quem está aí imaginar o que se passa aqui quando não há possibilidade de o acolá chegar mais perto.
Dia e noite.
Preto e branco.
Leite e café.
Juntos e separados.
Tão próximos e tão distantes.
Amor e ódio.
Côncavo e convexo.
Eu e você.
Aqui toca uma música que me leva ao céu na certeza de que vou enxergar além da distância e decifrar onde fica o aí. Mesmo que as nuvens insistam em desfilar prazerosamente em minha frente e o sol ofusque minha vista, vencerei as montanhas para chegar aí. Nada impedirá que o aí se funde com o aqui.
Aqui e aí. Duas palavras tão pequenas que mensuram o quanto fica longe a saudade. O quanto é difícil entender porque existe a distância.
Quisera não existir o aí.
Quisera estar aí.
Quisera... Quisera!
Quisera tanta coisa e não quisera nada.
O que adianta?
O aí e o aqui existem e vão continuar a existir.
Ensina-me o caminho.
Conduza-me ao aí.
Ou conduzo-te ao aqui.
Resta o acolá. Vamos romper as leis da física e ocupar nossos espaços.
Aqui é onde estou e vou permanecer.
Aí é onde você está e não quer sair.

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