segunda-feira, 14 de maio de 2012

Estrelas de Três Corações



A cidade de Três Corações já tem seu nome na história do Brasil com a figura do rei do futebol Pelé. Mas nem só de futebol se revela a cidade. Talentos têm despontado em várias áreas, além do esporte é claro, a literatura com os projetos estudantis e concursos da Casa da cultura na administração passada, musicistas, atores e artistas diversos.
É fácil apontar mais uma estrela tricordiana que precisa ser revelada.
Na primeira semana de Abril deste ano a E. E. Luiza Gomes apresentou uma peça teatral com seus estudantes do terceiro ano noturno, “Os Sete Pecados Capitais”, e precisou improvisar um personagem. O jovem UELITON FLORÊNCIO MARCOS, nome artístico Ueliton Marcos, componente do Grupo Teatral Fazarte,  foi requisitado e de improviso mostrou todo o talento que Deus lhe deu. Está no ramo há oito anos. Formado em teatro pelo projeto de Braz Chediak, que não é novidade na revelação de talentos, fez a peça “O bebê, a babá e o velho babão” recentemente apresentado em Três Corações e em várias cidades sul mineiras. Atualmente apresenta o stand up “Roupa suja se lava em casa” que corre pelas cidades circunvizinhas e trabalha com o grupo formador de artistas teatrais gospel na igreja Família Transcultural.
Segundo Ueliton, a cidade tem capacidade de revelar muito mais artistas, e sabemos todos disso, mas falta um pouco mais de incentivo das autoridades locais e uma mudança no perfil da sociedade que ainda é muito reticente quanto ao teatro, mesmo quando se coloca preços populares, o que dificulta uma sequência de trabalhos na cidade. Ainda segundo o artista, cidades menores são muito mais receptivas, por isso os artistas tricordianos acabam por buscar platéia fora de seu ninho, o que nem todos gostariam.
É assim, “santo de casa não faz milagres”. Mas fiquem de olho nesta estrela que nasce. Seu nome? Ueliton Florêncio Marcos. Parabéns ao artista e ao mestre Braz Chediak, um caçador nato de talentos cuja vida fala por si.

"Por que não te calas?"


"Por que não te calas?"

A célebre frase do rei Juan Carlos dita a Hugo Chaves que intitula este artigo é agora usada para algumas pessoas que insistem em pegar apenas parte de uma frase e distorcer ao seu bel prazer só para ter a última palavra e se julgar no direito de jogar pedra no telhado dos outros. Estou me referindo a professores que se dizem engajados em uma educação promissora e utópica. São os mesmos professores, e mais especificamente professora, que pulam do barco covardemente depois de fazer rombos na fuselagem do navio.
No princípio do ano de 2012 recebi um folheto em que dizia: "Tudo o que é necessário para o triunfo do mal, é que os homens de bem nada façam" (Edmund Burke). Mas e quando os homens de bem fazem e são retalhados, esquartejados, julgados e condenados por terem tentado ajudar quando ninguém se mobilizou para tal? E quando a realidade da educação é citada para que providências sejam tomadas e é apedrejado por mostrar tal realidade?
Aí cito Martin Luther King: "O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons." E os bons se silenciam por medo ou omissão enquanto que os que falam estão se expondo a tapas e ponta-pé. Dói. Dói muito ver pessoas que deveriam estar engajadas na mesma luta por uma educação melhor, por melhores condições para os estudantes, por melhores escolas. Será que estas mesmas pessoas estão preocupadas com o gasto do estado com o Mineirão que já ultrapassa a casa do bilhão de reais enquanto escolas estão a cair e estudantes não têm se quer merenda adequada porque não tem onde cozinhar? E antes que me apedreje a tal professora, não estou me referindo a qualquer escola de Três Corações, mas à realidade de muitas outras escolas de Minas Gerais e do Brasil, pois meu mundo não é meu umbigo, não penso só nos meus interesses. O que penso é que uma copa do mundo de futebol no Brasil mascara a realidade como na Roma Antiga, é o lema “panis et circenses”, que significa "pão e jogos circenses", mais popularmente citada como pão e circo. Esta foi uma política criada pelo imperador Otávio Augusto, que previa o provimento de comida e diversão ao povo, com o objetivo de atenuar a insatisfação popular contra os governantes. No caso aqui, a educação fica de lado enquanto o circo é armado para mais um espetáculo tupiniquim. Será que a santa inquisidora medieval vai dizer que estou citando uma determinada escola?
O que mata a ética profissional e social é a falsidade que permeia entre os mesmos de uma área. Ser demagogo e esconder o que pensa é falsidade ideológica sim. Pensar e expressar pensamento são condição primária de uma democracia, regida e protegida por lei nos estatutos de conduta de servidores públicos e privados. Não é preciso que seja levantada uma bandeira partidária para que se vangloriem os que querem votos e demagogicamente falam que lutarão por melhor educação e nem fiquem de sorrisinhos amarelos para os superiores hierárquicos. As tais pessoas que atiram pedras e caluniam pinçando pedaços de frases são as primeiras a promoverem guerra contra a educação e acusam colegas de falta de comprometimento com a educação. Que tamanha falsidade. Se assim pensasse realmente não estaria agora ligando a “Deus dará” e acusando pessoas que mostram em público o quanto se preocupam com a educação. Ou não foi isso que ocorreu? A tal pessoa sabe que sim.
Ter grandes projetos e ver seu nome na mídia só faz bem para o ego. Algumas vezes é até bom para mais alguém, mas quando a intenção é ajudar, não precisa a mão esquerda saber o que a direita faz. Pior é ir para sites e publicar difamações de colegas e não assumir. Se está insatisfeita ou insatisfeito com a realidade educacional, correr atrás é o melhor caminho e quando alguém faz isso dignamente recebe uma única frase: "Por que não te calas?"
Respondo por mim.
Não me calo porque tenho esperança que os homens de bem ainda triunfarão sobre uma sociedade mercenária e hipócrita em que diz se preocupar com os jovens e levam dignidade para os políticos corruptos e educação sucateada. Não me calo porque ainda acredito que é possível ajudar jovens a não se embriagarem com uma falsa ilusão de que todos se amam e se ajudam. Que é preciso ajudar os mesmos jovens a pensarem por si só e não esperarem que tudo caia dos céus. Quando isso acontecer saberão separar o joio do trigo e fazer acepções entre lobos e cordeiros. Verão que um rostinho lindo e um sorriso cheio de dentes podem está escondendo um chacal sanguinário envolvido em proveito próprio, incapaz que é de alçar vôos com as próprias asas usam os ombros alheios para dizer que está por cima. Não me calo porque não vou me render a sepulcros caiados e aos fariseus que de tanto orarem nas esquinas em voz alta para que todos vejam acham que alcançarão mais bênçãos que os pobres que oram em silêncio.
Que me crucifiquem, mas tais profissionais demoraram a se retirarem. Hoje são “personas non gratas”. Acho que não sou eu que devo me calar!

sábado, 5 de maio de 2012

VIDA DE CIDADE PEQUENA


Toda cidade tem uma praça que dizem ser central, mesmo não sendo no centro da cidade, principalmente quando a cidade é uma cidadezinha do interior.
Em Minas não faltam praças e nem o que fazer nessas praças. E mesmo não tendo o que fazer o simples fato de ir para a praça e ficar lá sentado já é o suficiente. Sempre tem o que ver e o que falar, porque dificilmente se vai para a praça sozinho, ou sozinha.
- Aquela lá não é a fia do “seu Jão” casada com o “Irto” da farmácia? O que ela tá fazendo aqui a essa hora sozinha?
É. quanto mais no interior, menos temos que nos preocupar com a nossa segurança. Sempre tem alguém tomando conta da gente em todos os lugares por vinte e quatro horas. Basta colocar o pé na calçada que em frente tem uma vizinha debruçada na janela para dar bom dia e perguntar se já vai sair. A vontade é de responder:
- Não, estou chegando agora!
Não adiantaria porque ela viu a que horas todos da casa chegaram. É o ofício saber de tudo e de todos. Acho que por isso jornais locais nestas cidadezinhas não vendem. Para que se todos sabem tudo de todos? Fofoca nova só da mulher que descobre que foi traída. Novo para ela, claro. Nem mesmo da mulher que traí é novidade porque sempre é motivo para contar ao marido para ver o que acontece, só para ver o circo pegar fogo. Fofoca mórbida para criar a esperança de um crime que sirva de assunto por muito tempo e entre para a cultura da cidade.
Quando aparece alguém diferente na cidade sempre tem um que se achega para perguntar se pode ajudar. Na verdade é assim:
- Oi seu moço. O senhor não é daqui. De onde o senhor é? O que o senhor veio fazer  por essas bandas? Quem é o senhor? Quem o senhor procura?
Pouco falta pedir CPF, CIC, declaração de imposto e comprovante de nada consta policial. Em alguns lugares até tem um para ligar para a delegacia e afirmar que viu uma pessoa estranha entrando em tal lugar com atitude suspeita. A polícia, por falta de ocorrências reais acaba por passar perto do estrangeiro e dirigir um olhar dos seis ocupantes do Fiat 147, pois nessas horas sempre cabe mais um, quem é o abestaiado que vai perder uma chance dessas de andar de carro? Lançam um olhar como quem diz “estamos de olho no senhor”. Se o estrangeiro não estiver inteirado desses fatos estremece dos pés à cabeça. Mas isso é coisa de interior mesmo.
Ruim para o estrangeiro quando é reconhecido pela tal da janela. Coitado.
- Cê viu quem chegô da cidade? – é assim mesmo que se referem a uma cidade maior – É o fio do cumpade Tomé que foi estudar fora. Virô um homi feito. Mas falaram que ele se envolveu numas coisas que num sei naum...
Coitado do filho do senhor Tomé! Vai ser assunto até sua partida ou dar explicações infinitas vezes. Mesmo assim haverá quem duvide dele e jurar de pés juntos que ouviu falar o que ele fez. E se perguntar quem falou, foi o Ocride que tem um primo que conhece um amigo que mora na cidade e que é primo da namorada do filho do senhor Tomé que contou para uma amiga durante a missa de domingo. Onde estava o padre e qual era o sermão ninguém sabe e ninguém viu.
Se chegar de carro novo é porque virou traficante. Chegar a pé é porque quebrou a cara e voltou. Se casar com mulher bonita a aposta é de que deu o golpe do baú. Se casar com mulher feia é porque engravidou a garota e não teve outro jeito.
Vida no interior não é fácil mesmo. Passear em paz na praça ou pelas ruas como quem não quer nada então é impossível, pois sempre tem um que quer alguma coisa. Ou melhor, quer saber aonde vai e por que. Se for respondido que simplesmente saiu para esticar as pernas é traduzido como: - fui descoberto. Não responder é pior ainda, significa que você está fugindo ou indo onde não devia escondido de alguém.
Se ficar dentro de casa fosse a solução, seria uma ótima opção. Não adianta. Irão bater à porta só para saber se você está só ou bem acompanhado. No mínimo irão perguntar se está tudo bem enquanto tentam enxergar pela fresta da porta entreaberta para terem a certeza de que não tem mais alguém lá dentro. Não há escapatória.
Muitas pessoas reclamam de morar em cidade grande porque é cada um por si e Deus por todos. No caso de precisar de ajuda fica difícil. Vizinhos não se conhecem. De fato é muito ruim mesmo. Mas não deixa de ter suas vantagens em alguns casos. Já no interior, como disse antes, você sempre é bem cuidado, porque sempre terá alguém por perto, mesmo que você não veja.
Porém, contudo, todavia, uma coisa é certa. Se alguém nessas cidadezinhas gritar socorro aparecerão dezenas de mãos prontas para ajudar. Embora que depois da ajuda surgirão comentários diversos sobre a causa do pedido de ajuda. Mas o que vale é que é um povinho unido mesmo. Fofoqueiros, mas unidos. Se morrer um, todos sentem. Se faltar um, todos se preocupam.
Não há coisa melhor que vida no interior, principalmente sábado à noite na praça. Poderia até ser tomando um sorvete, mas a sorveteria fecha cedo, antes da noite cair. Poderia ser tomando uma cervejinha, mas seria demais falar alto depois da primeira. Diriam depois que você deu escândalos. Não importa.
Bão mermo é falar da vida dos otro que passa de bobeira! Eita trem bão, sô!

CANIBALISMO SOCIAL


Para muitas pessoas pode parecer estranho que haja o tal Canibalismo Social, isto visto que canibalismo está diretamente relacionado ao consumo de carne humana por humanos. Mas quando se refere a um canibalismo social está se referindo ao consumo humano do que vale um ser humano. Os valores e conceitos de ética e moralidade são exemplos claros de como o homem consome a si mesmo.
Uma sociedade controlada pelo interesse próprio em detrimento do seu auto-crescimento quer seja financeiro quer seja social empurra o homem a buscar caminhos que outrora eram repugnados por serem impossíveis e inconcebíveis porque passariam por cima do que se aprendeu que não se devia fazer. Por exemplo, é fácil ver como antigamente o respeito ao próximo e aos mais velhos, sem precisar mencionar minuciosamente o respeito aos pais, era a base de toda boa educação. Hoje é fácil andar em um ônibus e ver mães colocando crianças sentadas nos lugares reservados aos mais velhos enquanto estes se resignam a ficar em pé no corredor tendo como opção brincar com a criancinha sentada. É revoltante ver jovens rindo dos idosos que não conseguem subir os degraus de uma loja e ainda questionam porque “véi” sai de casa.
A verdade é que a sociedade está impregnada de um “EU QUERO, ENTÃO EU TEREI CUSTE O QUE CUSTAR”, independente dos meios que levem aos fins objetivados, é a máxima de Maquiavel: “os fins justificam os meios”. Infelizmente isto é levada às últimas consequências independente de quem vai servir de escada ou quantos tapetes serão puxados. O ser humano consumindo outro ser humano, inclusive até parentes.
Pais orientam os filhos a serem mais “espertos” para que não fiquem para trás. A educação dada não inclui ética ou moral para com uma sociedade cada vez mais banalizada pelas distorções permitidas e incentivadas por todos os canais de comunicação. Aliás, se tinha filhos por opção, hoje filhos são deslizes que são jogados em creches e escolas cada vez mais cedo que servirão de babás e educadores, enquanto os pais continuam a trabalhar cada vez mais para que mantenham o sustento da família em padrões de vida que julgam satisfatórios, porém nunca se alcança esse tal padrão porque quanto mais ganham mais querem, vira um vício ganhar para poder gastar. E os filhos? Segundo os pais modernos, não deixando faltar nada em casa é o que basta. Tendo como comprar coisas caras e da moda, podendo dar tudo o que os filhos pedem é o papel de pai ou mãe. Esquece-se que amor, carinho, tempo em família não tem dinheiro que pague e o que os filhos precisam de uma referência de família e não de trabalhadores escravos de um mundo capitalista em que o homem se torna escravo do consumismo infindável. Na verdade as escolas estão funcionando como depósito de filhos de pais ausentes. Os professores hoje são chamados de EDUCADORES, e os pais são o que?
Não tem como não chamar de canibalismo social o que acontece com os jovens trabalhadores que são impedidos de estudar porque patrões não liberam em horário condizente com as escolas e o governo ainda coloca horários cada vez mais cedo dificultando ainda mais. Depois vem com campanhas de que os jovens precisam de um aperfeiçoamento técnico para que o Brasil tenha profissionais capacitados. Até que muitos querem uma vida honesta, mas não deixam, os jovens estão sendo consumidos por uma ilusão que o trabalho dignifica o homem e que para trabalhar não precisa estudar tanto. Claro. Estudar dá condições de pensamento livre e questionador e qual patrão ou político quer um ser social pensante? O trabalhador estudante, os verdadeiros heróis brasileiros, ao contrário dos participantes de Reality Shows que buscam aparecer e enriquecer de forma fácil, é risco aos burgueses, tal qual na Idade Média em que os nobres tinham como bancar seus pimpolhos em alto padrão social graças ao trabalho dos servos analfabetos e incultos, a verdadeira Idade das Trevas.
O homem é o único animal que explora os mesmos da espécie por ganância e soberba. No entanto, se você quer conhecer um homem, dê uma boa olhada em como ele trata seus inferiores, não seus iguais.
 
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