Normalmente se associa ressaca à abstinência de bebida alcoólica, ou ao efeito depois de uma noitada regada a bebidas, normalmente pela manhã, mas que ganha forças com o passar das horas. Porém também é, e principalmente, o movimento anormal das ondas do mar sobre si mesmas na área de rebentação, causada por rápidas e violentas mudanças climáticas. Quem já viu um mar de ressaca sabe bem o quanto é assustadora e perigosa essa tal ressaca.
Porém se pode dizer que ressaca é uma sensação estranha que se sente após alguns fatos que nos leva a pensar por que tomamos certas decisões ou não tomamos. Também podemos ter uma tremenda ressaca após uma perda, uma derrota ou uma decepção. Quando a decepção ou frustração é no amor então nem se fala. É a pior ressaca. Os adolescentes que o diga.
Cada ano que se inicia a sensação de ressaca se reforça, e não é ressaca alcoólica, mas de saber que nada mudou. Tantas promessas que se faz no badalar – ainda existem relógios com badalos nas casas? – da meia noite de 31 de Dezembro de todos os anos que não amanhecerão com o mesmo e firme propósito. A mais frustrante das promessas é a que se faz com o desejo de que “este ano serei feliz, mudarei minha vida e procurarei só o que é melhor para mim!” Essa é a real intenção. Mas de boas intenções o inferno está cheio, como diz o adágio popular. É preciso ação, atitude e começar a fazer.
Este ano em especial, como a cada dois anos no Brasil, é possível começar a trilhar um caminho mais seguro para a realização de alguns passos rumo à realização. É ano eleitoral, então é hora de curar a ressaca, aqueles que a tiveram, das eleições passadas. O ruim da ressaca eleitoral é que dura oito ou quatro longos anos, por isso ser mais um motivo para saber o quer fazer com o voto, que decisão tomar na hora certa e como tomar essa decisão passa por um longo processo – senadores oito anos e demais cargos quatro anos – de observação, acompanhamento e informação dos resultados esperados e obtidos dos votos dados aos escolhidos. O que gera a ressaca política é tomar a decisão errada ou a decepção com os seus escolhidos. Daí repetir a dose quando se tem ressaca é pedir para sofrer ou correr o risco de se viciar no que é ruim e nocivo.
Uma ressaca que se tem vivido nesta cidade são as decisões erradas, política e administrativamente falando, em nossa cidade e tão questionadas, mas sem explicações que dêm uma satisfação à população. A que ultimamente está em discussão é a mudança nos pontos de paradas dos coletivos, urbanos e semi-urbanos, no centro da cidade. O descaso com a população vai de encontro às decisões dos grandes centros que, como esta cidade, sofre com o fluxo de automóveis. Todas, absolutamente todas, escolhem oferecer um transporte público de qualidade que faça a população optar por este tipo de locomoção para que deixem seus automóveis, muitas vezes com apenas um passageiro, em casa e desafoguem as ruas e avenidas da cidade. Aqui é o contrário. Tiram-se os ônibus que poderiam ser usados para se chegar ao hospital, por exemplo, para que os carros tenham mais espaços de tráfego. Qual a lógica de tal decisão? Uma única: favorecer os que têm carros e oprimir os que não têm. Mais carros nas ruas, mais trânsito, mais engarrafamento, mais confusão. Então, quantas pessoas cabem em um ônibus e quantos cabem em um carro? Matemática lógica. Um dos grandes problemas que o Brasil enfrentará na sua estruturação para a copa nas cidades que receberão jogos é justamente o transporte coletivo que a FIFA cobra em todos os países. Li neste jornal que Três Corações passa a fazer parte da rota da Copa de 2014. Como ficará o transporte coletivo cobrado pela FIFA? “Ah, mas Três Corações não receberá jogos!” Mas e os turistas que se espera receber sendo a “cidade do Pelé? Essa é uma ressaca que muitos estão sentindo por não poderem exercer o direito pleno de ir e vir em condições dignas de transporte que atenda à população como um todo e não apenas à parcela mais favorecida. Mas 2012 está aí e as urnas nos esperam, por isso é hora de pensar em quem pensa na gente e não só nos seus, da mesma classe e mesmas condições sociais. O voto será, ou ao menos deveria ser, o nosso anti-ácido contra essa ressaca.
Outras atitudes, desta vez as não tomadas, nos faz pensar na dor de cabeça de uma ressaca, principalmente neste período de chuvas que, graças ao bom Deus, não causou estragos em nossa cidade como em tantas outras de Minas Gerais. A rede de esgoto, por exemplo, que começa no Jardim Fabiana e termina no Jardim Paraíso continua sendo despejado em um mísero córrego a céu aberto, trazendo mal cheiro e transtorno para a população que lá habita. E aí, até quando? Será que a atual administração e os seus irão até lá pedir votos com a promessa de que resolverão o problema que está estacionado há quatro anos? Seria muita cara de pau, mas que é totalmente possível.
É, a ressaca de bebidas e do mar passa com menos tempo que a ressaca política, porém todas elas têm solução. Pense nisso.
Em comentários aqui, deixe sua opinião e veremos o que podemos fazer juntos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário