segunda-feira, 17 de outubro de 2011

De Política e Futebol



Se tiver uma imagem brasileira, junto com a fama que carrega e que corre o mundo é o futebol, acompanhado do carnaval e suas mulheres. A paixão por este esporte é tanta que muitos chefes de família abrem mão de comprar o leite para os próprios filhos para juntarem o dinheiro e poderem ir ao estádio prestigiarem um jogo do seu clube favorito. Esse amor é incondicional e intransferível.
O futebol no Brasil e no mundo move montanhas de dinheiro. Haja vista os bilhões que se gastam atualmente para trazer a Copa do Mundo da FIFA para o Brasil. Onde estavam os bilhões agora investidos em infra estrutura, estádios e patrocínios que antes todos os governos alegavam não terem para suprir uma necessidade básica nacional que é a saúde, que, aliás, continua um caos? Mas o brasileiro torcedor não está nem um pouco vermelho com a descarada enganação de que o povo é que sairá ganhando com os investimentos feitos. Será?
A questão que se levanta aqui é se o brasileiro gostasse de política como gosta de futebol as coisas seriam bem diferentes. Dá para imaginar um grupo de eleitores cercando um vereador em frente à câmara e partissem para a agressão, a qual sou contra terminantemente,  porque o vereador em questão não aprovou um projeto que beneficiasse o logradouro dos agressores, tal qual aconteceu com o jogador do Palmeiras que apanhou em frente à loja do clube devido aos resultados negativos do clube? Que cena...
Já que estamos “viajando na maionese”, bem que os eleitores-torcedores podiam fazer batucadas pelas ruas com faixa de “fora fulano”, “mercenário”, “pede prá sair nº 1”, amarrar faixas de seus partidos de cabeça para baixo nos lugares públicos, fazer pressão para a retirada de “político-jogador”, do “político-técnico”, enfim, trazer as manifestações dos estádios de futebol para a sociedade política com o mesmo afinco e paixão futebolística. Seria muito interessante isso no ponto de vista sociológico.
Na verdade, tanto no futebol quanto na política a filosofia é a mesma. Em ambos os casos o povo é que manda, só que na política não há envolvimento dos eleitores, que no caso do futebol são os torcedores. Porque se houvesse manifestações do mesmo porte na política, as belas poltronas das câmaras estariam lotadas – e olha que não se paga para entrar nestes locais - com gritos de apoio e de protestos se fosse o caso. Haveriam bandeiras deflagradas e faixas de manifestações. Mas não há, infelizmente. Tudo continua na mesma porque o povo não enxerga que tudo está e ficará na mesma justamente por apatia popular quanto à política. Não há envolvimento. As reclamações cessam quando a rua do eleitor é asfaltada e sua residência é valorizada pela localização, independente de o esgoto ser jogado nos fundos de sua casa a céu aberto, como acontece no meu bairro. Independente de se procurar um posto de saúde e escutar que não há médico especializado para o seu mal e que terá que pagar um médico para ter o seu mal sanado. E quem não pode pagar? Vende a casa valorizada pelo asfalto e salva sua vida ou bate palmas pelo asfalto lindo em frente sua casa?
Se paga a um Ronaldo gaúcho a bagatela de R$ 1 milhão e 400 mil por mês para jogar futebol. Se ele fizer gols ou ajudar seu clube ser campeão, os torcedores ficam satisfeitos em pagar um ingresso de R$ 50,00 por jogo. Será que os mesmos torcedores ficariam satisfeitos de pagarem o mesmo salário para um prefeito ou vereador se um deles colocasse sua cidade como a melhor do Brasil e do mundo? Duvido! Mas em qual caso o brasileiro, de um modo geral, torcedor sairia realmente ganhando? Essa eu respondo: pagando ao prefeito ou ao vereador, já que os benefícios seriam para a cidade na qual eu moro, enquanto no caso do jogador de futebol o ganho é só dele, porque se o clube for campeão o torcedor não consegue nem desconto para o ingresso nos campos, muito pelo contrário. Não são os políticos que ganham muito, mas é porque fazem pouco.
“Panis et circenses”, que significa "pão e jogos circenses", mais popularmente citada como “pão e circo”. Esta foi uma política criada pelos antigos romanos, que previa o provimento de comida e diversão ao povo, com o objetivo de diminuir a insatisfação popular contra os governantes. Seria a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 plágios da política romana com um claro reflexo na política local? Está na hora de mudar essa história.

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