terça-feira, 22 de março de 2011

O Doce Veno do Escorpião


Antes de qualquer coisa deixo claro que respeito, e todos que me conhecem sabem disso, a vida de cada um. Não tenho e nunca tive preconceito de nada em minha vida. Porém uma coisa que me choca é a necessidade que pessoas que levam ou levavam uma vida de irregularidades de conduzir outros a terem uma vida igual ou que sentem orgulho por tais condutas anteriores ou atuais.
Chega às telas de todo os cinemas do Brasil e na internet já está disponível faz tempo, o filme “Bruna Surfistinha”. Trata-se de uma autobiografia de uma ex-prostituta homônima, baseado em seu livro “O Doce Veneno do Escorpião”, seu primeiro livro com vendas superiores a 300 mil exemplares e traduzidos para mais de trinta idiomas – já publicou mais dois: “O que aprendi com Bruna Surfistinha” e “Na cama com Bruna Surfistinha”. Espera-se por parte dos produtores um público superior a 1 milhão de expectadores por esse Brasil a fora.
Até aqui nada demais. O que intriga e choca é o destaque que a mídia está dando para as revelações de uma ex-prostituta como se ela fosse uma heroína brasileira. E se está na mídia é porque dá audiência com público sempre querendo mais. É chocante isso pelo ponto de vista de que muitas outras personalidades poderiam ter esse destaque com uma vida realmente de exemplo. Não é o caso deste filme e destes livros em foco aqui. A pergunta é: o que uma ex-prostituta que tem orgulho no que fez pode ensinar para uma juventude que não tem espelho concreto de conduta? A resposta é simples: buscar por todos os meios a sua realização e seu destaque, não importando o que faça.
Foi justamente o que esta jovem fez. Pior é que muitas mulheres, jovens ou não, e isto está em seu blog, pede orientação de como ser uma prostituta para seus maridos, daí a iniciativa de escrever “Na cama com Bruna Surfistinha”. Será que uma mulher precisa aprender com uma prostituta, ou ex como é o caso, como ser mulher pura e simplesmente? Carrego comigo a sensação de que os verdadeiros valores estão se esvaindo por entre os dedos de Deus.
É necessária uma movimentação por valores para os jovens que cada vez mais aspiram gananciosamente por um destaque entre os seus pares. Ser jovem hoje precisa ser destaque. Na carona dessa Bruna Surfistinha muitas outras prostitutas, ainda exercendo o “cargo”, estão em foco em muitos canais e em horário nobre relatando sua vida. Interessante que antes em tais entrevistas se escondiam por trás de máscaras ou com imagem desfocada por vergonha ou para manter o anonimato. Hoje escancaram o rosto com orgulho e falam quanto tiram por noite, sendo grande quantia e de forma “fácil” alegam que em nenhuma outra profissão ganhariam assim “facilmente”. Então não precisa mais as e os jovens estudar bastando seguir tais exemplos? É de arrepiar realmente o que pode ser aprendido na TV de hoje.
Tenho medo de ter mais filhos em um mundo que não sabe mais os limites de uma vida honrada, familiar e digna. Creio ser mais um dentre milhares de pais com a mesma preocupação. Nas casas os pais se esforçam, nas escolas os professores se esforçam enquanto na sociedade os heróis perdem a capa e a espada por uma luta a favor dos fracos e oprimidos para ex-prostitutas ou traficantes. É uma luta desigual. Não me surpreenderia se a protagonista desta história for homenageada por nossos políticos e tiver seu filme indicado para o Oscar como representante do cinema brasileiro. Afinal o Brasil já é rota do turismo sexual do mundo, inclusive de prostituição infantil. Que vergonha!
Com medo de minhas próprias palavras digo que tenho certa saudade da censura durante a ditadura. Da censura e não da ditadura em si, entendam bem.
Aqui mesmo já escrevi sobre a banalização da moral. Parece que estou sendo vidente. Mas temo por onde vamos parar socialmente. A Holanda, onde sexo e droga são liberados em praça pública, isso mesmo, o sexo pode ser praticado em público desde que não atrapalhe o trânsito nas ruas e avenidas, está se tornando o objetivo de muitos países e pelo visto o Brasil está dando os primeiros passos para isso, inclusive com projetos no Planalto para a regularização do uso da maconha e profissionalização da prostituição. Será que alguns parlamentares estão preocupados com a aposentaria de suas progenitoras? Plagiando um personagem do Jô Soares: -“cala-te boca!!!”

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