sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Democracia Abstrata



Em pleno ano eleitoral é possível ver como funciona uma democracia. São candidatos pedindo votos, partidários fazendo campanhas para esses candidatos e por todas as esquinas e bares a discussão é a mesma: em quem votar? Isso é democracia real.
O que vem depois é que descaracteriza a democracia. Diga-se de passagem, nunca foi concretamente uma democracia desde os seus primórdios na Grécia Antiga, onde tudo começou. Lá, na Grécia Antigo, já havia acepção de pessoas que poderiam participar dos atos políticos, como as mulheres, os escravos e jovens ficavam de fora das decisões que se tomavam em prol da sociedade. Portanto, democracia que deveria ser do povo, para o povo e com o povo excluía alguns.
Em pleno século XXI as coisas não mudaram. Os candidatos se lançam em suas campanhas e prometem até o que nem sabem se existe ou se é possível. Simplesmente falam a língua do povo. Engodo. Promessas de campanhas são mais quebradas que juras de amor eterno. E sempre é preciso atacar o adversário com ofensas e agressões pessoais. Ataca-se a vida particular e pública como em uma rinha de briga. Isso é democracia. Fala-se o que quer e acaba por escutar o que não quer. Infelizmente faz parte das campanhas tentarem enfraquecer a moral dos adversários, mas não deveria ser assim. Afinal todos estão se candidatando a um cargo público, deixe que o povo veja ou investigue. O mesmo povo que deveria excluir esses atacantes, certos ou não, pois é prova de incompetência puxar o tapete. Será que não tem competência própria para se destacar mais e ser o eleito, o escolhido pelo povo. Isso é democracia, o povo escolher por si só. Afinal, no meio político, quem pode atirar a primeira pedra ainda não nasceu.
Em nossa sociedade é fácil perceber que a democracia não garante os direitos do povo como deveria ser em sua teoria tão ampla e maravilhosa. A política vira politicagem assim que os votos são contados e conferidos. Nem mesmo recebem o diploma ou tomam posse e começa a corrida por aquilo que é de interesse próprio, a saber, o que mais eu posso ter e o que vou fazer por esse ou aquele que me ajudou? É assim principalmente nas cidades pequenas. O clientelismo, o paternalismo, o populismo a favor de quem tem o poder. As promessas feitas se perderam.
Mesmo sendo uma democracia, a forma política brasileira deixa brechas para as armações dos políticos. Um exemplo é que os vereadores se candidatam para defenderem os interesses de suas cidades. No meio do mandato, quando eleitos, deixam os cargos em licença para se candidatar a patamares maiores. E o povo de sua cidade acredita que ele vai fazer mais sendo mais. Engano. Ao ser eleito deverá atender a mais cidades, a toda uma região, a todo um estado. Pode sim trazer recursos. Mas se fez isso sendo vereador, será que o próximo passo não será abandonar o cargo em troca de uma secretaria de estado, ou uma direção de estatal, ou quem sabe o que? Se faltou com a confiança depositada em sua cidade, traiu seus eleitores, não poderá lutar por uma região maior, com mais votos, com mais influência para futuros vôos mais altos?
Ainda em se tratando de políticos que abandonam um cargo eletivo para se candidatarem a outro, o descaso maior é que ao ser eleito o político deixa sua vaga para o seu suplente. Sinceramente nunca vi uma campanha para qualquer cargo em que aparece o suplente para ser votado caso o titular saia por algum motivo. Se o suplente não for qualificado azar do povo que não escolheu para representação deste. E agora como cobrar do seu candidato as realizações que não fez? O suplente não fez nenhuma promessa, portanto está isento de ser cobrado. O pior é que a democracia permite isso, deixar o povo de fora da suplência.
Outros pontos que descaracterizam a democracia é o direito de ir e vir garantido pela constituição, bem como o direito a moradia, a saúde, a educação e o direito de expressão. O povo elege e depois tem que se calar diante da lei que permite que políticos sujos e falsos sejam eleitos e reeleitos com direitos garantidos pelo Supremo Tribunal Federal. Essa é a Democracia brasileira.

Dia mundial de combate ao suicídio

                           Dia 10 de Setembro, Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio.
É complicado falar de um assunto tão complexo. Muito mais complicado é entender o que leva uma pessoa a tirar a própria vida enquanto tantas mulheres anseiam pelo dia de serem mãe. Complicado entender uma diferença tão grande.
Não sei quando começou a se pesquisar estatisticamente o índice de suicídios pelo mundo, muito menos no Brasil especificamente. Uma coisa é certa. É preciso entender o que leva um indivíduo ao suicídio. E isso passa por todos nós. Não cabe culpar esse ou aquele setor sobre o que causa um distúrbio tão grave para que se tome tal atitude, atentar contra a própria vida.
Uma coisa é certa, o suicídio não é coisa da modernidade. Relatos históricos mostram que tal prática, horrenda por sinal, já vem de há muito tempo. Claro que se acentua com o passar do tempo devido até mesmo ao crescimento demográfico. Mas essa não é a causa e longe de tentar justificar essa ou qualquer outra. Porém é notório que quanto mais o homem evolui, mais longe da paz fica, mais longe de objetivos concretos, mais longe da felicidade e, principalmente, mais longe de uma estrutura espiritual condizente com seus anseios.
Durante toda a Idade Média havia a religião como parâmetro de comportamento, de conduta e de pensamento, mesmo que erradamente imposta à força pela Igreja Católica. Mas, bem ou mal, tinha algo que norteava as vidas na sociedade.
Vem o Renascimento, sócio-cultural e espiritual, e modifica este parâmetro. Encontra força no Iluminismo que coloca o homem no centro das atenções, o Antropocentrismo. A partir desse momento o homem passa a se interessar pelo “eu”, não é mais analisado coletivamente, mas individualmente, mesmo vivendo e convivendo em sociedade. Passa a valer o aqui e agora, o mundo criado, recriado e inventado pelo homem. A busca por realizações, por sucesso e por notoriedade são mais importantes do que se interessar pela fraternidade, um dos parâmetros iluministas. Quando estas ambições não são atingidas, por vezes objetivadas em tempo mínimo, vem a frustração, a sensação de fracasso e vem o desequilíbrio emocional. Consequência? Uma série de atitudes irracionais como o suicídio.
É impossível justificar o suicídio, porém alguns detalhes chamam a atenção. Quase sempre está ligado a um fracasso, sentimental ou profissional. A falta de um apoio psicológico, não apenas dos profissionais dessa área visto que o tendencioso ao suicídio não se considera um desequilibrado emocionalmente, mas, e principalmente da sociedade. As cobranças são muitas e em todos os âmbitos. Não há mais a compreensão dos limites individuais e muito menos são respeitadas as individualidades. Em um mundo capitalista o rendimento profissional sofre assédio psicológico constantemente. É o trabalhador que se não produzir igual a outro corre o risco de perder o emprego. É a hierarquia autoritária, déspota, absolutista, que vê o homem como máquina e até como brinquedo de seu poder. Onde fica o lado humano? No que produz, no que vale e quanto mais produz mais vale, é a mais valia pregado e apregoado por Karl Marx. Se não produz, não presta, é descartável. A família sofre. O individuo se culpa e a saída, em um breve momento de fraqueza é tirar a própria vida, até mesmo por vergonha de não poder sustentar a família, de não poder colocar comida na mesa dos filhos. A sociedade cobra e o preço encontrado é levar tal pessoa a sair de circulação, os “imprestáveis” por suas próprias vias.
Aprendi desde cedo que a maior sentença de morte chama-se desprezo. Podemos viver em meio a milhares de pessoas e não sermos notados. É o desprezo social. Um sorriso pode aliviar a dor de alguém que se sente um fantasma na multidão. Um bom dia desejado pode alegrar o dia de alguém e este pode vir mesmo a ter esperanças de ter um bom dia. Quem sabe não se está salvando uma vida? É a tal ajuda psicológica que não precisa de um diploma para ser administrada.
Combater o suicídio pode começar por um sorriso a qualquer que cruze o nosso caminho. Um aperto de mão sincero e amável. É o amar aos outros como a ti mesmo. Sábias palavras de um Jesus.
       
Prof. Jomar Alves 

 
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